A Polícia Federal (PF) no Maranhão abriu na manhã desta sexta-feira (14) uma operação, batizada de "Quebra Ossos", contra grupo que teria inserido dados falsos em bases do Sistema Único de Saúde (SUS) para receber repasses de emendas parlamentares. A investigação mira recursos do orçamento secreto, esquema que envolve direcionamento de recursos do orçamento federal por indicação de congressistas, sem que eles sejam identificados.
De acordo com a corporação, a operação deflagrada nesta sexta-feira aponta indícios de fraudes em contratos fechados pelo município de Igarapé Grande, localizado a cerca de 300 quilômetros de São Luís, para desviar dinheiro público. A cidade de 11,5 mil habitantes teria informado, em 2020, a realização de mais de 12,7 mil radiografias de dedo, o que resultou na elevação de teto para o recebimento de recursos em 2021.
Um servidor da Secretaria de Saúde da cidade foi afastado do cargo é alvo de mandado de prisão temporária. Segundo a PF, as medidas foram decretadas em razão da "posição que o servidor ocupava durante o período da inserção dos dados falsos nos sistemas do SUS e da formalização de parte dos contratos investigados".
A corporação executa, ao todo, dois mandados de prisão temporária contra os investigados responsáveis pela inserção de dados falsos nos sistemas do SUS. A Polícia Federal diz que eles são suspeitos de "terem efetuado as práticas ilegais investigadas" em diferentes municípios maranhenses desde 2018.
A ofensiva mira ainda em empresas que "ocupam posições de destaque no 'ranking' das que mais receberam recursos públicos da saúde entre 2019 e 2022 no Maranhão". Uma delas recebeu quase R$ 52 milhões, diz a PF.
As empresas e empresários sob suspeita foram proibidos de participarem de licitações e de contratarem com órgãos públicos.
Além de executar as ordens de prisão, a PF vasculha 16 endereços em Igarapé Grande, Lago do Junco, Lago dos Rodrigues, Caxias e Timon, no Maranhão, além de executarem diligências em Parnaíba e Teresina, no Piauí. As ordens foram expedidas pela Justiça Federal de Bacabal. A ofensiva apura supostos crimes de inserção de dados falsos, fraude à licitação, superfaturamento contratual, peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa.