Cinco anos após a morte de uma professora de catequese em Estância Velha, no Vale do Sinos, o homem apontado como autor do crime foi preso pela polícia. César Luís Velho, 58 anos, foi localizado quando tentava emitir uma carteira de identidade usando documentos falsos no município de Iranduba, a cerca de 20 quilômetros da capital, Manaus, no Amazonas.
César estava foragido desde setembro de 2017, quando foi decretada sua prisão preventiva. No dia 31 de agosto daquele ano, o homem teria entrado na paróquia onde sua esposa, Elaine Maria Tretto, 51 anos, estava dando aula e a enforcou no banheiro do local. A Polícia o indiciou por feminicídio e depois o Ministério Público moveu denúncia pelo mesmo crime. O caso segue tramitando no poder judiciário.
Em julho de 2018, o nome de Velho entrou na lista de procurados da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). Desde então, seu paradeiro seguia desconhecido.
Na noite da última quarta-feira, no entanto, um policial que fiscaliza um posto de identificação em Iranduba flagrou o homem tentando emitir uma carteira de identidade através de uma certidão de nascimento falsa. Segundo informa o delegado de Estância Velha, Rafael Sauthier, que recebeu as informações do norte do país, o cartório onde a certidão teria sido feita não existia.
— A Receita Federal havia feito uma recomendação para que a polícia fiscalizasse os postos de identificação no Amazonas por ter muitos casos de falsificação de documentos. Dessa forma, um agente verificou que o cartório onde dizia que a certidão havia sido emitida era um cartório inexistente e o conduziu para a delegacia — relata.
Após a abordagem, os agentes utilizaram as digitais do homem para chegar a sua verdadeira identidade. Durante depoimento, César não se pronunciou.
Apesar de ser reconhecido como responsável pelo feminicídio, não foi possível realizar a prisão por esse crime. Isso porque a detenção ocorreu menos de cinco dias antes das eleições, período em que apenas prisões em flagrante são permitidas. Com isso, ele segue recolhido no sistema prisional por uso de documento falso.
Na próxima terça-feira (1º), quando as prisões voltam a ser executadas, a delegacia irá formalizar os documentos para que seja detido pelo crime que supostamente cometeu há cinco anos. A tendência é que ele seja transferido para um presídio no Rio Grande do Sul.
Relembre o caso
No dia 31 de agosto de 2017, por volta das 19h, o assassino, que possuía a chave do local, invadiu a Paróquia Nova Estância, em Estância Velha e durante a aula de catequese rendeu Elaine e quatro alunos - três mulheres e uma criança. Armado e usando capacete, ele amordaçou e amarrou as vítimas. A professora ainda teve os olhos vendados e os punhos amarrados com anilhas plásticas.
Ela foi levada até o banheiro onde foi espancada com golpes no rosto e no tórax. Em seguida, o assassino enrolou um laço de corda no pescoço da vítima e a asfixiou até a morte.
De acordo com as investigações, o casal ainda morava na mesma casa, mas estava em processo de separação. Elaine queria o divórcio e, César não queria partilhar o patrimônio comum do casal, por isso teria decidido cometer o assassinato.