— Nós gostamos de nave furiosa, né, meu, tu sabe.
A frase é dita em um áudio obtido por GZH junto à Polícia Civil e atribuído a um integrante de uma quadrilha especializada no roubo de carros de luxo. O grupo, atuante em Porto Alegre, é alvo de uma operação nesta segunda-feira (17).
De acordo com a polícia, que cumpre 12 mandados de prisão de pessoas envolvidas com a organização, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, em dois meses de 2022 foram 21 veículos roubados na Capital. Com estas ações, os criminosos chegaram a movimentar R$ 3 milhões.
Os carros eram clonados e depois revendidos, principalmente na Grande Florianópolis, em Santa Catarina. O foco exclusivo em veículos de alto valor fica explícito nos áudios interceptados pela investigação e divulgados pelo delegado Rafael Liedtke, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A quadrilha dizia ter um time de "especialistas", que não roubava "carro velho".
Os investigados se referiam a si mesmos como "profissionais" do roubo de carros.
— Eu nunca perdi um assalto, pai. Tenho anos de profissão — se vangloria um dos suspeitos.
Entre os alvos dos 12 mandados de prisão cumpridos, está um homem de 27 anos, com antecedentes criminais e que mora em Palhoça, Santa Catarina. Ele é apontado por Liedtke como o principal receptador de veículos de alto valor roubados no Rio Grande do Sul.
Em um áudio enviado para este suspeito, um ladrão diz que está na Rua Padre Chagas, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, com dezenas de "naves" na mira, referindo-se a veículos de luxo. Como a investigação segue em andamento, os nomes dos suspeitos não foram divulgados.
Caminhonetes eram alvos prioritários da quadrilha, de acordo com a investigação.
O grupo recebia pedidos até mesmo de carros blindados. A polícia divulgou áudio de um suspeito que seria um dos receptadores em Santa Catarina, perguntando os valores pedidos pela quadrilha pelos veículos.
Após os roubos, os carros recebiam placas clonadas e tinham os sinais dos vidros, chassi e motor adulterados. Em uma das gravações, um homem responsável pela clonagem revela os valores que cobrava pelas placas adulteradas.
A Polícia Civil apurou que os automóveis eram levados à noite pela freeway e pela BR-101 para Biguaçu e Palhoça, na Grande Florianópolis.
Um fato que ajudou a investigação a identificar os suspeitos foi a ostentação com os veículos roubados em redes sociais. Outros tiveram as identidades confirmadas pelas vítimas, por meio de reconhecimentos fotográficos.
A polícia ainda apura o envolvimento de uma mulher, que usaria um perfil em um aplicativo de relacionamentos para identificar e atrair proprietários de veículos de luxo, que depois se tornariam vítimas da quadrilha.