Um professor de uma escola estadual de Alvorada, na Região Metropolitana, foi preso na noite deste sábado (6) pelo crime de importunação sexual. Ele já havia sido afastado da instituição no dia 25 de julho, a pedido da Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
O homem de 40 anos lecionava três disciplinas e estava na instituição há pelo menos seis anos. Sua prisão ocorreu após duas alunas e duas ex-alunas registrarem queixas na polícia. Os episódios se passaram entre 2017 e este ano, nas dependências da escola. Todas eram menores de idade à época dos crimes.
Segundo elas, o professor forçava beijos e abraços e também fazia constrangimentos verbais de conotação sexual. Como uma vítima tinha 13 anos quando foi importunada, a polícia estuda a possibilidade de enquadrar o crime como estupro de vulnerável.
De acordo com a delegada Samieh Saleh, titular da Delegacia da Mulher de Alvorada, duas alunas procuraram a polícia em julho para denunciar situações que ocorreram neste ano. Elas garantem que reclamaram da postura do professor à direção do colégio. Depois disso, pais de alunos começaram a expor o comportamento do homem nas redes sociais, o que levou a novas denúncias.
– Os alunos desse professor começaram a relatar outros episódios e nós começamos a incentivar que eles dessem seus depoimentos. No final de julho, outras duas meninas procuraram a delegacia, contando fatos que aconteceram entre 2017 e 2019, quando estudavam na escola. E os relatos são muito parecidos com os das vítimas desse ano: o professor pegava no braço delas, forçava beijo na nuca, na testa, no canto da boca, pegava na cintura, constrangia na frente dos outros, dizendo que a menina está bonita, chamando a menina de gostosa – conta a delegada.
Com a repercussão do caso, a Seduc decidiu afastar o professor do colégio enquanto a polícia conduzia a investigação. Ainda segundo Samieh, optou-se pela prisão preventiva do homem com base no risco, já que ele tem acesso a turmas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Também há indícios de que ele tenha cometido o crime contra outras alunas. Ele nega todas as acusações.
Sobre o caso da menina de 13 anos, a delegada diz que é necessário aguardar os laudos para definir a tipificação do crime – para ser estupro de vulnerável, basta que o agressor cometa qualquer ato libidinoso contra um menor de 14 anos.
A investigação também está analisando o papel da direção da instituição de ensino, já que as alunas garantem que levaram as queixas aos superiores da instituição.
– Estamos resolvendo isso à parte. A direção diz que não tem conhecimento de nada, mas duas vítimas disseram que a direção da escola foi avisada e ainda assim nada foi feito. É algo que estamos investigando também – diz Samieh.
O inquérito policial deve ser concluído dentro de 10 dias. Até lá, a delegada estima que novas denúncias possam surgir, e pede que alunos e outras pessoas procurem a Delegacia da Mulher de Alvorada para relatar o que sabem.
– É importante que vítimas ou pessoas que testemunharam algo procurem a delegacia. Quanto mais informações, melhor. Se não quiserem ser ouvidas na condição de vítima, podem ser ouvidas como testemunha, sem registrar ocorrência – diz.
Os nomes do professor e da escola não são divulgados para não expor as vítimas, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
GZH entrou em contato com a defesa do professor e aguarda retorno.
Para denunciar casos como este, há os seguintes canais:
- O Disque 100 é um dos canais de denúncia da Mulher, Família e dos Direitos Humanos. É um serviço de proteção a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Ele funciona diariamente, das 8h às 22h.
- A Polícia Civil do Estado tem ainda o telefone com WhatsApp - 051 - 984440606. Também há o telefone 181.
- Delegacia da Mulher de Porto Alegre (Rua Professor Freitas e Castro, junto ao Palácio da Polícia), bairro Azenha. As ocorrências também podem ser registradas em outras delegacias.