A Polícia Civil de São Gabriel, na Fronteira Oeste, teve acesso a dados de GPS que mostram o trajeto feito pela segunda viatura da Brigada Militar que foi vista a caminho da localidade de Lava Pé na madrugada em que o jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, desapareceu. Os três policiais militares que estavam no veículo já prestaram depoimento.
A apuração feita até o momento não indica ligação desta guarnição com o caso de Gabriel, mas detalhes seguem sendo verificados pela polícia.
O delegado que conduz a investigação das circunstâncias do sumiço e da morte de Gabriel, José Soares Bastos, recebeu e analisou os dados de GPS do trajeto desta segunda viatura, cuja imagem foi capturada por câmeras de segurança. Conforme o delegado, o automóvel passou pela Lava Pé a caminho de uma diligência. Maiores detalhes sobre o que estes policiais estavam fazendo na região serão dados ao longo da apuração.
Na quarta-feira (24), foram coletados os depoimentos de policiais militares que trabalharam na noite do dia 12 e na madrugada do dia 13 — quando Gabriel desapareceu. Ainda faltam as declarações de dois PMs que estão fora de São Gabriel a serviço.
A polícia agora está planejando o dia para o depoimento dos três policiais que estão presos em Porto Alegre: os soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima e o segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso. O trio é investigado pela morte de Gabriel.
Os três tiveram prisão decretada pela Justiça Militar — por irregularidades na condução da ocorrência — e também pela Vara Criminal de São Gabriel por homicídio doloso, a pedido da Polícia Civil.
Gabriel desapareceu depois de ser abordado pelos policiais e colocado dentro de uma viatura. Testemunhas relatam que ele foi agredido. O corpo foi achado uma semana depois, em um açude na localidade Lava Pé.
O que dizem os PMs investigados
GZH tentou contato com a defesa dos policiais. No início desta semana, antes ainda do decreto de prisão preventiva a partir do inquérito policial que investiga o caso como homicídio, as defesas se manifestaram alegando inocência dos PMs.
A advogada Vânia Barreto, que defende os soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima, negou que eles tenham agredido Gabriel e disse que eles o levaram para a localidade de Lava Pé a pedido dele, mas não o conduziram até o açude onde o corpo foi encontrado, uma semana depois. De acordo com Vânia, o jovem foi algemado porque estava alterado, aparentando estar sob efeito de álcool.
Os advogados Ivandro Bitencourt Feijó e Mauricio Adami Custódio, que defendem o segundo sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen, por meio de nota, também disseram que o cliente é inocente e manifestaram "indignação" com suposta "antecipação de culpa" do segundo sargento, que, segundo eles, "não ostenta qualquer comportamento à margem da ética-policial militar ao longo de toda sua carreira" .