O furto de cabos de energia tem sido grande problema para as autoridades em todo o Estado este ano. Além do prejuízo causado às empresas e ao poder público, o crime interrompe o abastecimento de energia, diminui a qualidade do serviço prestado à população e põe vidas em risco. Segundo levantamento realizado pela CEEE Grupo Equatorial, em parceria com dados da Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP), apontam aumento das ocorrências no Litoral Norte e em Porto Alegre, em comparação com igual período de 2021.
Nos primeiros sete meses deste ano, a CEEE registrou 1.583 ocorrências de furtos de cabos na Capital, o que representa aumento de 44% em relação ao mesmo período de 2021, quando foram 1.101 registros. Também houve aumento de 29% nas ocorrências no Litoral Norte neste ano, principalmente em Tramandaí e Capão da Canoa. A cidade com o maior número de furtos é Rio Grande, no Litoral Sul, com 1.792 registros.
Os dados da empresa apontam que mais de 345 mil pessoas já foram prejudicadas pela falta de abastecimento de energia devido aos delitos no Litoral Norte. Ao todo, cerca de 82 quilômetros de cabos foram furtados na região entre janeiro e julho deste ano, totalizando 30,5 toneladas.
De acordo com o delegado Luciano Peringer, titular da Delegacia de Polícia de Repressão a Crimes contra o Patrimônio de Serviços Delegados, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), os furtos ocorrem com mais frequência no Litoral Norte e na região da praia do Cassino, em Rio Grande, no Litoral Sul, por conta da baixa circulação de pessoas nestas regiões.
— São territórios mais ermos, distantes, então, dificulta possíveis flagrantes e denúncias — conta o delegado.
Segundo a CEEE, cerca de quatro quilômetros de cabos são furtados por ocorrência no Litoral Norte, com média de dois casos por dia.
Medidas tomadas
Na tentativa de diminuir coibir os furtos, a CEEE começou a substituir o cobre, material mais visado nos crimes e com maior valor no mercado ilegal, por alumínio. A empresa ressalta que mais de 140 quilômetros de cabos de cobre foram substituídos por alumínio em 2021.
No entanto, segundo Júlio Hofer, superintendente técnico da CEEE Grupo Equatorial, por questões técnicas, o cobre ainda está bastante presente nas redes de abastecimento de regiões litorâneas.
—Em pontos como a Orla e no litoral, o cobre é o material mais adequado, em razão da salinidade — explica Hofer.
Para o delegado Luciano Peringer, a substituição da matéria-prima dos cabos é um ponto importante e que pode ajudar no combate aos furtos, mas ressalta que a falta de identificação dos materiais apreendidos ainda é um grande problema na hora de responsabilizar os suspeitos.
— Esse material proveniente dos furtos acaba em ferros-velhos e ferragens. Muitas vezes, localizamos o material e não podemos realizar a apreensão porque os cabos não têm identificação, em especial da CEEE. Sem identificação, não podemos realizar nenhuma apreensão, e o material segue circulando no mercado ilegal — conta o delegado.
Segundo a assessoria de imprensa da CEEE, a empresa já resolveu a questão de identificação dos materiais e segue colaborando com as autoridades.
— A CEEE pública não identificava os cabos. Com a chegada do Grupo Equatorial, padronizamos e identificamos. Essa questão já está resolvida. Se hoje houver um furto no bairro Floresta, em Porto Alegre, por exemplo, nós sabemos todas as características do cabo — esclarece Hofer.
Capital perdeu 47,5 quilômetros de cabos
Na Capital, a prática do delito já afetou mais de 898 mil clientes da CEEE Grupo Equatorial. Segundo os dados da empresa, entre janeiro e julho deste ano, foram furtados 47,5 quilômetros de cabos, o que totaliza 12 toneladas do material.
— Em Porto Alegre, os furtos são menores, são cerca de 30 a 40 metros de cabos furtados em cada ação, que geralmente duram cerca de 15 minutos — conta Júlio.
A Polícia Civil reforça que a prática dos criminosos é muito rápida. Por isso, é necessária a colaboração da população para coibir o furto.
— É uma ação rápida, principalmente na Capital, menos de 20 minutos. Se presenciar uma atitude suspeita, ligue pra as autoridades — pede o delegado.
De acordo com os dados da CEEE, entre janeiro e julho deste ano, o prejuízo financeiro da empresa passou de R$ 3 milhões. Em 2021, os danos financeiros da distribuidora de energia com o furto de cabos foram de aproximadamente R$ 5 milhões.
— Sem dúvida, afeta a nossa operação. Mas o principal afetado é o nosso cliente. Isso muda o teu dia a dia, muda a tua programação, teu negócio, o resultado que tu tens no teu dia. O furto de cabos não é uma dificuldade operacional nossa, mas sim para o nosso cliente. Um hospital, uma escola, um comércio sem energia. O grande impacto é nas vidas das pessoas — afirma Hofer.
O superintendente técnico da CEEE ressalta que, além do impacto no cotidiano, há um prejuízo financeiro que também chega aos clientes após os furtos.
— Depois eu preciso reconstruir a rede, esse custo da reconstrução volta para a tarifa, e no próximo reajuste isso chega ao cliente. Então, ele é afetado financeiramente — explica.
Produção: Lucas de Oliveira