Três paulistas e um baiano foram indiciados pela polícia gaúcha por roubo e grave ameaça por suspeita de integrarem uma quadrilha que roubou mais de 50 relógios de luxo em Porto Alegre desde 2021. Um deles foi detido por agentes da 3ª Delegacia da Capital no final do mês passado, em São Paulo, e os outros três foram presos em flagrante na rodoviária da cidade no início deste mês.
Conforme a polícia, o grupo vinha de São Paulo, comprava motos em Porto Alegre e monitorava vítimas que trafegavam em carros de luxo em bairros como Bela Vista, Moinhos de Vento e Três Figueiras. Os ladrões são conhecidos na capital paulista como a "gangue do rolex", por ter artigos desta marca como principal alvo.
Cada produto roubado por eles foi avaliado entre R$ 80 mil e R$ 100 mil.
O indiciamento ocorreu na sexta-feira (15) e a divulgação foi feita neste sábado (16) pela delegada Karla Khun, após o inquérito ter sido remetido à Justiça. Segundo ela, um dos paulistas — que foi detido em SP e teve a prisão preventiva decretada — foi indiciado em dois inquéritos. Um deles pelo próprio distrito do qual a delegada é titular.
Neste caso, o suspeito responde por roubo praticado mediante grave ameaça com arma de fogo, sendo que em um dos casos a vítima foi derrubada ao solo e agredida fisicamente. Karla diz que ele também responde por crime semelhante em outra delegacia da cidade.
Os outros três que estão presos, todos preventivamente, foram indiciados por roubo praticado mediante grave ameaça com arma de fogo, receptação e associação criminosa. Esses foram os presos na rodoviária de Porto Alegre no início deste mês.
Um deles tinha três relógios de luxo no mesmo braço. Em um depósito usado pelo trio, foram encontradas três motocicletas apontadas como sendo as usadas nos assaltos. Dentro do baú de uma delas, estava o revólver que teria sido empregado nos roubos.
Apesar do indiciamento, a polícia não divulgou os nomes dos investigados. Segundo a delegada Karla, há outros grupos agindo na cidade e todos de São Paulo. Ela diz que estas quadrilhas têm base principalmente na cidade paulista de Taboão da Serra. Roubos deste tipo começaram a ocorrer em Porto Alegre em 2021 e, desde então, já são 52 ocorrências registradas.
Modo de agir
Praticamente todas as vítimas foram atacadas em sinaleiras, mas teve um caso em que uma delas foi abordada no estacionamento do aeroporto e este foi o único que não ocorreu em bairros nobres. Uma das pessoas que teve relógios de luxo roubados é um desembargador e outra um médico. Em três casos, os ladrões atiraram nos motoristas que tentaram fugir.
A delegada Karla diz que o primeiro passo dos ladrões, que se deslocam de ônibus de Taboão da Serra, é comprar motos baratas em Porto Alegre e alugar quartos de hotéis, principalmente no entorno da rodoviária. Depois, eles monitoram prováveis vítimas que estevam trafegando em carros de luxo em bairros nobres. São pessoas que geralmente saíam de condomínios de luxo, restaurantes, lojas e bancos.
A investigação continua porque, além da suspeita de que outros grupos que roubam relógios de luxo sigam atuando na capital gaúcha, o objetivo também é identificar receptadores e descobrir se todas as quadrilhas têm alguma ligação ou algum tipo de financiamento, como por exemplo, de alguma facção criminosa.
Vítimas
Cerca de 10 relógios, a maioria Rolex, já foram devolvidos às vítimas. As pessoas que foram atacadas por este ou outros grupos podem procurar a polícia — tanto para recuperar relógios quanto para fazer novos registros — por meio do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), que fica no Palácio da Polícia (Avenida João Pessoa, 2050, bairro Azenha, em Porto Alegre). A delegada Karla diz que ainda há 16 casos deste tipo sem autoria na 3ª Delegacia.
