As autoridades do Rio de Janeiro prenderam nessa quinta-feira (28) Luiz Antônio Santos Silva sob a acusação de manter por 17 anos a esposa e os dois filhos em cárcere privado. O caso ocorreu em Guaratiba, na zona oeste carioca. As informações são do G1.
O suspeito foi preso por agentes do 27º BPM e levado para a cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro. O caso está sendo investigado pela 43ª Delegacia de Polícia de Guaratiba, que já realizou a perícia no local. Confira tudo o que se sabe até o momento.
Como as autoridades chegaram ao local?
Uma denúncia anônima informou às autoridades que um homem mantinha sua família em cárcere privado. Isso motivou a polícia a ir até a residência do suspeito, onde as vítimas foram encontradas.
Houve denúncias anteriores?
Vizinhos já haviam realizado denúncias no posto de saúde do bairro e no Conselho Tutelar, mas não houve efeito.
O que dizem as autoridades sobre as denúncias?
De acordo com o Conselho Tutelar de Guaratiba, a instituição acompanha o caso há dois anos e chegou a acionar o Ministério Público e a polícia, mas nada havia sido feito até então.
O Ministério Público e a polícia não se manifestaram publicamente sobre a existência de denúncias anteriores.
Quem é o suspeito?
Luiz Antônio Santos Silva está preso sob a acusação de manter a esposa e os dois filhos em cárcere privado. O suspeito é conhecido no bairro como DJ, por sempre colocar música alta para tocar em sua residência.
Para as autoridades, o som alto não era um hábito de Luiz, mas uma estratégia para evitar que os vizinhos escutassem os gritos de socorro das vítimas.
Quantas pessoas viviam na casa?
Na residência, viviam Luiz Antônio Santos Silva, sua esposa e dois filhos, um de 19 anos e outro de 22. Em depoimento prestado à polícia, vizinhos afirmaram que os jovens aparentavam ter 10 anos devido ao estado de subnutrição. A identidade das vítimas não foi revelada.
Qual o estado em que as vítimas foram encontradas?
Quando a polícia chegou ao local, encontraram a esposa do suspeito e seus dois filhos acorrentados. De acordo com as autoridades, as vítimas viviam sem higiene e em condições sub-humanas.
Na delegacia, a mulher afirmou que ela e os jovens sofreram por 17 anos constante violência física e psicológica e que chegaram a ficar três dias sem comer.
Vizinhos contaram às autoridades que a doação de comida para a família era frequente, mas Luiz jogava tudo fora para que a esposa e os filhos não comessem.
Para onde as vítimas foram levadas?
Assim que libertaram a mulher e os dois filhos, eles foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levados pela Polícia Militar para o Hospital Rocha Faria.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que as vítimas apresentavam um grave quadro de desnutrição e desidratação. Além dos cuidados médicos, eles estão recebendo acompanhamento de serviço social e de saúde mental.
Quais eram as principais motivações do suspeito?
Em depoimento, a esposa do suspeito relatou que tentou se separar do marido diversas vezes, mas que acabou sendo ameaçada em todas as ocasiões. De acordo com a vítima, Luiz chegou a falar que os dois deveriam ficar juntos até o fim e que, se ela fosse embora, a mataria.
Ainda de acordo com a mulher, com relação aos filhos, o suspeito também mantinha uma relação de posse. Os jovens nunca chegaram a frequentar a escola por proibição do pai.
Por quais crimes o suspeito poderá responder?
Se for considerado como culpado, Luiz responderá por sequestro ou cárcere privado, crime de tortura, vias de fato e maus-tratos. O inquérito sobre o caso deve ser encerrado em 10 dias.