Um ferro-velho credenciado pelo Detran em Gravataí era usado por um grupo que realizava roubos de veículos em Porto Alegre. A quadrilha foi alvo de operação, nesta quinta-feira (28), que cumpriu seis mandados de busca e quatro de prisão nos dois municípios e em Canoas e Sapucaia do Sul.
Em seis meses de investigação da Delegacia de Roubo de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), foram identificadas 15 vítimas destes criminosos, que agiam com violência e ameças às pessoas. A ofensiva terminou com seis presos — quatro que eram alvo de mandados e dois detidos em flagrante.
Além do roubo de automóveis, inclusive com bloqueio do sinal de GPS para evitar rastreamento, agressões às vítimas e desmanche de peças, a polícia afirma que os investigados clonavam carros e também levavam todos os pertences dos motoristas durante os assaltos. Somente em abril, a polícia confirma que a quadrilha realizou pelo menos 11 roubos de automóveis.
O grupo tinha ligação com uma organização criminosa que atua no Estado, e o delegado Rafael Liedtke acredita que o dinheiro obtido com os crimes era usado para capitalizar o tráfico de drogas e de armas, como por exemplo, no caso da guerra de facções em Porto Alegre — os confrontos já deixaram mais de 30 pessoas feridas e 25 mortas.
Investigação em Gravataí
A polícia realizou apenas apreensões em Gravataí, mas, segundo Liedtke, todas ocorreram no ferro-velho investigado. Enquanto a apuração continuar, ele prefere não divulgar o nome do local suspeito de receptação de peças automotivas clonadas.
— Apontado pela investigação como local onde seriam desmanchados veículos roubados na Capital, o estabelecimento pagava por peças roubadas e clonadas, com preço abaixo do valor do mercado, porque é produto fruto de roubo e ainda revendia como se fosse uma peça legal e pelo preço normal de tabela — explica Liedtke.
Detran
O Centro de Desmanche de Veículos (CDV) , o ferro-velho de Gravataí, foi fechado cautelarmente pelo Detran na última sexta-feira (22) por irregularidades administrativas. Será instaurado processo administrativo punitivo, cujas sanções previstas vão desde multa até a cassação do credenciamento. A motivação inicial foi a autuação da empresa, pela Brigada Militar, por questões ambientais.
Sobre a suspeita do estabelecimento receber peças roubadas, o Detran informa que atua de forma integrada com os demais órgãos de segurança. A conclusão do inquérito policial será anexada ao procedimento administrativo. A autarquia destaca que está ampliando a atuação para coibir desmanches irregulares, assim como outras ações para combater crimes.
Operação em quatro municípios
Policiais civis e militares agiram em Porto Alegre, principalmente nos bairros Cristal, Sarandi e Partenon, além da Vila Cruzeiro, e em Canoas, Sapucaia do Sul e Gravataí. Liedtke diz que, além de roubar carros na Capital, os investigados ameaçavam as pessoas, inclusive com tiros para o alto, e agrediam com socos, empurrões e coronhadas.
Os criminosos ainda usavam equipamentos para bloquear o sinal de GPS dos carros após os roubos e são investigados também por clonagem e desmanche de peças. Agindo sempre em duplas ou trios, eles ainda levam dinheiro e pertences dos motoristas.
Com a prisão dos suspeitos, a polícia pretende fazer um reconhecimento pessoal deles e, por isso, irá acionar todas as vítimas. Liedtke já tem informação de dezenas de casos e espera que, com a ação realizada, mais pessoas procurem a polícia.
Os contatos são:
- Disque-denúncia: 0800-510-2828
- Whatsapp e Telegram: (51) 98418-7814