Morto em um assalto enquanto trabalhava como motorista de aplicativo em Bom Princípio, no Vale do Caí, Marcos Miguel Menuzzi dedicava os finais de semana para complementar a renda da família. Na madrugada do último sábado (9), ele foi abordado por criminosos e baleado. O homem não resistiu e morreu dentro do veículo, aos 38 anos. O caso é investigado como latrocínio (roubo com morte) pela polícia. Até o momento, ninguém foi preso.
Pai de dois filhos, o homem, natural de Tucunduva, no Noroeste, é descrito por familiares como trabalhador. Durante a semana, Menuzzi atuava como entregador em uma empresa, fazendo o serviço com caminhão. Aos finais de semana, ele fazia bico como motorista de aplicativo, para complementar a renda. O valor seria usado para pagar o IPVA do carro da família, explica a esposa, Janaína Letícia Fabriz, 38 anos.
Juntos há 17 anos, o casal morava com os dois filhos — um menino de 13 e um menina de 5 —, e a mãe de Menuzzi, que recebe cuidados de Janaína, em Nova Santa Rita.
Apaixonado pela família, Menuzzi gostava de reunir os amigos. Junto deles e da esposa fundou um piquete, em 2014, no Parque Eduardo Gomes, em Canoas, onde o grupo se reunia para celebrar o acampamento Farroupilha.
— A maior felicidade dele era estar com as pessoas que amava. Gostava de dançar, de fazer churrasco. Vivia pelos amigos e pela família. Era uma pessoa honesta, querida por todos, tanto que sua despedida foi rodeada de amigos, sob palmas. É uma dor muito grande, não temos como mensurar o que estamos sentindo. Como tenho nossos filhos e cuido da mãe dele, preciso me manter firme, mas é muito difícil. Está fazendo muita falta — lamenta Janaína.
A esposa relata que uma das maiores preocupações do marido era em relação a criação dos filhos:
— Sempre falava para não andarem com pessoas que não eram confiáveis, que não eram corretas. Era até rígido com isso. Sempre pedindo para que os filhos se atentassem aos estudos, que se dedicassem. Era zeloso e dedicado.
Na sexta-feira (8), horas antes do crime, Menuzzi chegou em casa por volta das 16h30min. Ele tomou café da tarde com a família, junto aos sogros, que visitavam a casa naquele dia. Pelas 18h30min, saiu novamente para trabalhar pelo aplicativo. Nas últimas semanas, costumava dirigir até a madrugada, para aumentar a renda. Menuzzi fazia corridas há alguns anos, depois de deixar de atuar como taxista e migrar para o aplicativo.
— Não era algo que ele gostava muito de fazer, por causa do perigo. Mas era uma forma de conseguir uma renda a mais. Esse valor a gente ia usar para pagar o IPVA do carro — diz Janaína.
A dona de casa conta que Menuzzi nunca havia sido assaltado durante o trabalho, mas que, há alguns anos, teria ajudado uma mulher que foi abordada por criminosos, em Porto Alegre:
— Ele estava parado com o carro na rua e viu essa moça ser abordada por dois homens que estavam com facas. Aí ele jogou o carro perto dela e ela entrou no veículo. Ele tirou ela dali e a levou para casa. Conseguiu salvar ela naquele momento.
O motorista foi sepultado no último sábado, no cemitério São Vicente, em Canoas.
Polícia investiga latrocínio
O caso é investigado pela Polícia Civil como latrocínio (roubo com morte). Responsável pelo inquérito, o delegado Marcos Eduardo Pepe não informou, na última quarta-feira (13), quando foi ouvido por GZH, detalhes sobre a apuração, para não prejudicar o trabalho. Até o momento, ninguém foi preso.
O crime aconteceu na madrugada de sábado (9), em Bom Princípio. Segundo a Brigada Militar, a guarnição foi acionada por volta da 1h40min. Foi relatado que um Ka prata estava abandonado no meio da Avenida Emancipação, na entrada da cidade. Os policiais constataram marcas de tiro nos vidros do carro e localizaram o motorista baleado dentro do veículo. Ele tinha duas marcas de disparo, uma no braço e outra na nuca, feitas por uma pistola 9mm. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionado, mas a vítima já havia morrido.
No local, não foram encontrados o celular e a carteira da vítima. Ele estava apenas com a CNH e cartões no bolso, além de algumas moedas espalhadas pelo console do carro. Segundo a polícia, pela posição do corpo e a subtração dos objetos, a investigação aponta para latrocínio.
Pelo cercamento eletrônico, foi possível identificar que o carro passou por pontos do Vale do Sinos, mas ainda não se sabe se o condutor estava fazendo alguma corrida ou se foi abordado por ladrões na rua. A polícia suspeita que o crime tenha sido cometido por um ou dois suspeitos.
A polícia afirmou que investiga se o crime tem alguma relação com o corpo encontrado no último sábado na RS-122.