A Polícia Civil tem um quebra-cabeças complicado para resolver em Lindolfo Collor, pequeno município do Vale do Sinos. A professora aposentada Maria Soli Schneider, de 61 anos, foi assassinada por volta do meio-dia de quinta-feira (30), em sua residência, situada num bairro rural. Nada foi levado da casa, nem sequer o carro dela, o que faz com que os policiais desconfiem que o crime é homicídio premeditado e não latrocínio (roubo com morte).
Maria Soli tinha recém-almoçado quando dois homens chegaram a sua residência, a bordo de um Gol branco. Efetuaram disparos contra ela, próximo à porta dos fundos. Ela foi atingida por dois tiros de calibre 38, possivelmente feitos com revólver: um na cabeça e outro no lado direito do tórax.
Imagens de câmeras de segurança registraram a chegada dos homens, que teriam permanecido cerca de três minutos no local. Após o crime, a dupla deslocou-se em direção ao interior do município vizinho de Presidente Lucena. Os criminosos não levaram nada da casa.
Conhecidos ouvidos pela Polícia Civil e BM asseguram que Maria Soli não tinha inimigos e nem sequer desavenças conhecidas. Formada em Pedagogia, ela trabalhou durante anos em escolas municipais da região, incluindo Lindolfo Collor e São José do Hortêncio. Ela era solteira. Costumava se encontrar seguidamente com um homem, descrito pelos familiares como um sujeito calmo e educado.
A morte de Maria Soli pegou de surpresa suas ex-alunas e colegas de magistério, que fizeram postagens em homenagem à professora. Ela era considerada solícita e excelente profissional.
Moradores da região ficaram impressionados porque Lindolfo Collor foi cenário de dois crimes chocantes nos últimos dias, algo raro numa cidade tão pacata e com apenas 5,7 mil habitantes. O primeiro foi a tortura e assassinato de um cão, mostrada ao vivo pela internet, por um adolescente de 17 anos. Ele faz parte de um grupo de extrema-direita que exige atos de crueldade ou masoquismo por parte dos interessados em aderirem à sua causa. O jovem foi apreendido e está internado numa unidade da Fase.
Agora aconteceu o assassinato de Maria Soli. A delegada Raquel Peixoto, que investiga os dois casos, não vê relação entre eles. A policial diz que nenhuma linha de apuração é descartada, mas a hipótese de roubo é pequena. Ela acredita que os assassinos conheciam a vítima. Difícil é achar alguma motivação.
— Vamos verificar se ela teve algum desentendimento. Mesmo que as primeiras testemunhas não recordem, pode ter ocorrido isso. Serão olhadas também câmeras de vigilância das redondezas e analisada a vida profissional da vítima — relata Raquel.