A Polícia Civil busca entender qual grupo criminoso vinha tentando assassinar Claudemir da Silveira, 32 anos, no bairro Sarandi, na zona norte de Porto Alegre. A execução aconteceu na tarde desta quarta-feira (8), quando os mesmos atiradores ainda balearam uma motorista ao tentarem roubar o carro dela na fuga. Apontado como um dos gerentes do tráfico da antiga Vila Nazaré - comunidade que foi remanejada para dar espaço à ampliação do Aeroporto Salgado Filho -, Zeca, como é conhecido, já havia sofrido três atentados.
— Ali na Vila Nazaré havia essa característica de não ter vínculo com uma facção específica. Como eles lidam com muita gente, muitas ações, compravam diretamente do Paraguai. É difícil saber quem estava querendo matá-los — explica o delegado Luis Firmino, titular da 3ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Para tentar chegar à identificação dos atiradores, a Polícia Civil está analisando imagens de câmeras de segurança. Em uma delas, é possível ver que a ação durou pouco mais de 10 segundos. Claudemir havia saído do prédio, acompanhado da mulher e da filha.
Segundo o delegado, a esposa da vítima contou que ele só desceu para ajudá-la a carregar algumas sacolas. Neste momento, três atiradores cruzaram a rua, disparando na direção dele. Claudemir foi alvejado e caiu no chão, enquanto a mulher e a menina saíram correndo, em direções opostas.
Os bandidos, os três armados e encapuzados, escaparam inicialmente em um Citröen C3, mas logo depois acabaram colidindo o carro em uma árvore. O veículo foi recolhido ainda ontem e passará por perícia nesta quinta-feira (9) para tentar localizar vestígios que ajudem a identificar os autores, como impressões digitais. Ainda na quarta-feira (8), os policiais começaram a ouvir testemunhas, entre elas a esposa de Claudemir.
— Ela foi ouvida ainda ontem, mas não trouxe nada que colaborasse com a elucidação dos fatos. Já havia sido assim nas outras vezes — afirmou o delegado.
Em março, Claudemir sofreu outro atentado, no qual foi atingido por 11 disparos, enquanto estava dentro de um carro na Avenida Sertório. Daquela vez, um irmão dele acabou sendo morto na mesma ação e outras pessoas que estavam no veículo também foram baleadas. Em outubro do ano passado, ele havia sofrido dois ataques em sequência. Primeiro, foi atingido por tiros no bairro Sarandi, e logo depois, quando buscava socorro no Hospital Cristo Redentor, houve novo ataque a tiros em frente à emergência da instituição.
Motorista esteve no local do crime
As imagens de câmeras obtidas pela polícia até agora revelam outro detalhe sobre o caso. A motorista que acabou sendo baleada pelos atiradores, quando eles tentaram roubar seu carro, esteve em frente ao prédio onde Claudemir foi executado. Segundos após o homem ser assassinado, ela passou pelo local para buscar um amigo do filho – ambos adolescentes. O garoto estava em frente ao prédio no momento da execução, aguardando.
— Os atiradores fogem e uns 30 segundos depois, ela passa para pegar o guri — descreve o delegado Firmino.
Segundo o policial, embora tenha pego um trajeto diferente do usado pelos atiradores, os criminosos acabaram saindo correndo após baterem o C3 e encontraram com o Uno, que era dirigido pela mulher. Neste momento, tentaram fazer com que ela parasse o carro. No entanto, ela tentou desviar o veículo e eles atiraram repetidas vezes contra o automóvel.
Mesmo baleada, a vítima dirigiu cerca de três quilômetros até as proximidades do Hospital Cristo Redentor, onde parou em um corredor de ônibus. Ali, foi socorrida por uma ambulância da casa de saúde.
— Ela foi internada em estado gravíssimo. Ficou com um projétil alojado na coluna cervical – afirma o delegado.
Logo após balearem a mulher, os bandidos acabaram desistindo de roubar outro carro e fugiram a pé. A polícia tenta no momento obter novas imagens de câmeras de segurança que mostrem o trajeto realizado pelos criminosos. Segundo a polícia, a casa de saúde informou nesta quinta-feira (9) que a motorista segue sedada e entubada.