O relatório final apresentado nesta sexta-feira (17) pela deputada Luciana Genro (PSOL) sobre as possíveis causas do incêndio na sede da Secretaria de Segurança Pública (SSP) foi rejeitado por três dos cinco deputados que integram a Comissão de Representação Externa da Assembleia Legislativa. No entendimento dos parlamentares, seria precipitado aprovar o documento sem que as investigações sobre o ocorrido tenham sido finalizadas.
Foram contra o relatório o líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes (PP), Clair Kuhn (MDB) e Dirceu Franciscon (PTB). O deputado Jeferson Fernandes (PT), que também integra a comissão, não participou da votação.
Na leitura de seu voto, Antunes avaliou que a comissão estava sendo concluída antes da investigação policial e da entrega dos resultados dos laudos periciais. O parlamentar também rebateu outros pontos do relatório, como o motivo para que ainda não fosse divulgado uma estimativa total das perdas e as conclusões da deputada sobre as causas do ocorrido.
– O relatório possui pontos que são suposições do que de fato ocorreu, e isso ainda está sendo investigado. Há apontamentos sobre a comissão não ter recebido retorno de pedidos de informações, mas isso não aconteceu, pois as investigações ainda estão ocorrendo – afirmou Antunes.
No relatório, foram apontados três eventos que teriam culminado com o desabamento do prédio e levado às morte dos bombeiros Deroci de Almeida da Costa e Lucio Ubirajara de Freitas Munhós.
O primeiro aponta que, havendo falha elétrica e se não for comprovada a sua origem externa, teria ocorrido por falta de manutenção adequada ou falha no projeto do sistema elétrico.
Na sequência, foi apontada uma possível deficiência na primeira resposta ao incêndio, principalmente, pela ausência de um sistema hidráulico de ativação automática (sprinklers). O relatório questiona ainda o motivo para fosse feito o descarte da instalação deste sistema dentro do Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndio (PPCI) por incompatibilidade estrutural.
Por fim, o relatório entendeu que a desativação dos sistemas hidráulicos de emergência foi, possivelmente, o erro final para o ocorrido. As duas colunas do prédio que deveriam permitir o acesso à água estavam inoperantes, e os bombeiros não teriam conhecimento dessa situação.
Após a negativa dos colegas, Luciana apresentará o relatório de 79 páginas em seu nome às autoridades.
– Lamentavelmente, os deputados entenderam que o relatório seria um embate entre oposição e situação, e não era esse o objetivo. O que apresentamos foram indícios de ações e omissões que podem ter contribuído para o desabamento do prédio e a morte dos dois bombeiros – afirmou a deputada.