Ex-jogador da dupla Gre-Nal e com passagem pela Seleção, Anderson Luís de Abreu Oliveira, também conhecido Andershow, 33 anos, e mais sete pessoas viraram réus em ação criminal que tramita em Porto Alegre por suposto desvio de R$ 35 milhões de contas bancárias de uma metalúrgica e da B3, a bolsa brasileira. A denúncia foi aceita pela Justiça nesta segunda-feira (23).
O grupo foi denunciado por crimes como furto qualificado, organização criminosa e lavagem de bens, direitos ou valores. Se condenados por todos os crimes, a pena pode superar oito anos de prisão. Se isso ocorrer, o cumprimento inicial da pena será em regime fechado.
Ao aceitar a denúncia, o juiz Ricardo Petry Andrade, da 17ª Vara Criminal de Porto Alegre, afirma:
“A análise da peça portal revela sua adequação formal, bem como o atendimento aos pressupostos processuais e condições da ação, entre essas a justa causa, sendo suficiente o suporte probatório coligido na fase policial para a inauguração da instância penal, razão porque recebo a denúncia.”
O magistrado abriu prazo de 10 dias para que os réus respondam à acusação. Também determinou o levantamento do sigilo do caso, que até então estava em segredo de Justiça.
A denúncia, assinada pelo promotor Flávio Duarte, da Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre, tem como base a Operação Criptoshow, deflagrada em 25 de junho de 2020. Como o caso ainda está sob sigilo, o promotor optou por não se manifestar.
Naquela oportunidade, 13 mandados de busca e apreensão foram cumpridos para desarticular o grupo, que, segundo a investigação, supostamente burlou esquema de segurança digital de um banco, desviou R$ 35 milhões de duas grandes companhias brasileiras, lavando dinheiro com bitcoin, uma moeda digital criptografada.
No dia 15 de abril do ano passado, segundo a acusação, teriam sido desviados R$ 30 milhões da conta bancária de uma das companhias por meio de 11 transferências eletrônicas para seis empresas localizadas na Capital e em Cachoeirinha, São Paulo e Porto Velho.
Como funcionou o desvio
Conforme a denúncia, o dinheiro teria sido desviado em operações realizadas por intermédio de sofisticada técnica realizada por outra empresa, com sede em Cachoeirinha, também correntista do mesmo banco.
A execução do furto começou com o acesso normal à conta bancária, pelo internet banking, mediante nome de usuário e senha de um dos investigados, quando foi realizada a programação das 11 transferências para os destinatários. Ao final da operação, por meio de manipulação da codificação do canal do internet banking, a conta indicada ao sistema para a efetivação do débito de R$ 30 milhões não foi a conectada inicialmente, mas sim a de uma das empresas.
Durante as investigações, foram reveladas operações de lavagem de dinheiro, consistentes com transações para aquisição de criptoativos pelas mesmas pessoas junto a corretoras exchanges no Brasil e no Exterior. A mesma técnica teria sido repetida no furto dos R$ 30 milhões, acontecida no dia 16 de abril, desta vez contra outra empresa, lesada a partir de uma transferência bancária indevida no valor de R$ 5 milhões.
Contrapontos
O advogado do ex-jogador Anderson, Mateus Marques, disse que só vai se manifestar no processo. A Metalúrgica Gerdau disse que não vai se manifestar, assim como o banco. A B3 ainda não retornou ao pedido de manifestação.