A Polícia Civil deve indiciar a mãe do menino de seis anos vítima de maus-tratos em Canoas, na Região Metropolitana, por tortura. O namorado dela deve ser indiciado por omissão. O titular da Delegacia da Criança e do Adolescente de Canoas, Pablo Rocha, confirmou a informação a GZH na tarde desta sexta-feira (20). O inquérito deverá ser finalizado até o começo de setembro.
Os crimes vinham acontecendo há pelo menos quatro meses no bairro Guajuviras. Segundo a Polícia Civil, a criança ficava por horas amarrada em uma cama, sendo por vezes dopada com medicamentos de uso controlado.
Presos desde a última quarta-feira (18), a mulher está no Presídio Estadual Feminino de Guaíba, e o homem aguarda vaga no sistema prisional para transferência.
A criança foi retirada da guarda da mãe pelo Conselho Tutelar ainda no começo de agosto e está vivendo com o avô, assim como a irmã dele, de dois anos.
Os policiais da Delegacia da Criança e do Adolescente de Canoas aguardam os resultados das perícias física e psíquica realizadas com o menino, além disso, os telefones da mãe e do companheiro serão periciados a fim de encontrar novas provas e finalizar o inquérito. Familiares e vizinhos estão sendo intimados a depor. A própria criança, ao ser ouvida pelos agentes policiais, confirmou as agressões realizadas pela mãe. Os policiais encontraram fotos e conversas no WhatsApp da mãe que são consideradas provas dos maus-tratos.
O delegado Pablo Rocha afirma que a mulher cometia os abusos contra a criança, porém, o namorado participava das ações cometidas. Um dos planos era abandonar a criança em um hospital.
– Ele orientava em qual hospital deveria deixá-lo, por exemplo, já que determinada instituição possui câmeras de segurança e ela seria flagrada em caso de abandono – disse o delegado.
Investigação
As investigações sobre o caso começaram depois que o Conselho Tutelar foi acionado através de uma denúncia anônima a respeito dos maus-tratos contra o garoto. O menino, que estava sem vínculo escolar, foi entregue ao avô materno no início do mês.
A mulher, de 28 anos, foi presa em casa, em Canoas, enquanto o namorado dela, de 24 anos, foi detido em Campo Bom, no Vale do Sinos, na última quarta-feira (18). Em depoimento, os dois apresentaram versões opostas sobre os fatos. Por isso, segundo a polícia, novas oitivas estão sendo realizadas. Por ora, somente o homem foi ouvido novamente.
Ele acusou a mãe do menino por ter cometido os maus-tratos e, segundo sua versão, chegou a terminar o namoro, mas retomou o relacionamento para obter provas que a incriminassem. Além disso, um familiar dele realizou a denúncia ao Conselho Tutelar, segundo versão apresentada à polícia.
Os policiais obtiveram durante a investigação, provas relativas a agressões cometidas nos últimos meses, através de depoimentos, fotografias e mensagens de texto trocadas entre o casal, cujo relacionamento havia iniciado há poucos meses.
A mãe da criança deverá ser defendida pela Defensoria Pública. A reportagem procurou o órgão, mas ainda não obteve retorno.