Um inquérito instaurado pela Polícia Civil segue apurando as causas do incêndio que condenou a estrutura do prédio da Secretaria de Segurança Pública (SSP), em Porto Alegre. Até o momento, 15 pessoas foram ouvidas. A polícia aguarda também por laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) para incluir na investigação. O Corpo de Bombeiros ainda vai instaurar um inquérito para averiguar as circunstâncias da morte dos combatentes mortos durante a ocorrência.
De acordo com o delegado Daniel Ordahi, da 17ª delegacia da Capital, que comanda o caso, a principal hipótese da polícia até agora é de que o fogo começou por causa de uma falha elétrica. Entretanto, não há qualquer indício de que o incêndio possa ter sido causado de forma proposital:
— Nós seguimos investigando, claro. Mas não existe nenhum indício que aponte a possibilidade de um incêndio criminoso. Nós temos relatos inclusive de funcionários da Susepe, que estavam no quarto andar no momento em que as chamas começaram ali. Eles sentiram cheiro de queimado e viram o fogo começando em placas do teto. Há diversos relatos que convergem nessa mesma situação.
Ainda serão ouvidas mais pessoas que estavam no prédio quando as chamas começaram, como outros funcionários da Susepe e a equipe de bombeiros que atendeu a ocorrência inicialmente. Integrantes da secretária de Segurança Pública também devem depor para esclarecer detalhes sobre o Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndios (PPCI). Segundo informações repassadas pelo Corpo de Bombeiros, o documento estava em fase de adaptação dos sistemas, mas já tinha certificado de aprovação.
A atuação dos Bombeiros também será investigada pela polícia. Até agora, os relatos de testemunhas indicam que a resposta das equipes ao chamado foi rápida, tendo chegado ao prédio em aproximadamente 5 minutos.
Nesta sexta-feira (23), o Corpo de Bombeiros deve abrir um inquérito para apurar o caso. De acordo com o comandante-geral, coronel César Eduardo Bonfanti, o procedimento interno é aberto sempre que há acidentes, lesão ou morte de servidores durante o combate as chamas. A investigação tem cerca de 40 dias para ser concluída.
A Secretaria de Segurança Pública afirmou que também abriu um procedimento interno. Um grupo que ficará responsável pela sindicância iniciou uma reunião nesta tarde, às 15h, para tratar do trabalho. O encontro contou com integrantes da secretaria, Casa Civil, Procuradoria-Geral do Estado (PGE), IGP, secretaria de Justiça e Sistema Penal e Socioeducativo (SJSPS) e Secretaria de Obras e Habitação (SOP). O prazo para o procedimento é de 30 dias, podendo ser prorrogado.
O incêndio, que começou na noite do dia 14, deixou dois bombeiros mortos. Os corpos dos homens foram encontrados na noite de quarta (21), após sete dias de buscas nos escombros. O tenente Deroci de Almeida da Costa, 46 anos, foi achado às 18h30min. Apesar de estar em um local próximo, o corpo do sargento Lúcio Ubirajara de Freitas Munhós, 51 anos, foi retirado quase cinco horas mais tarde, às 23h15min. Em meio a homenagens, os dois foram velados na quinta (22).