A Justiça autorizou a prorrogação da investigação contra o cirurgião plástico Klaus Brodbeck, 54 anos, suspeito de abuso sexual de pacientes. A Polícia Civil havia pedido mais 30 dias de inquérito, mas o Judiciário aceitou estender a investigação por mais 10 — assim, o caso deve ser concluído até o dia 5 de agosto.
Até o último balanço divulgado pela polícia, 127 mulheres haviam procurado a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) para denunciar que teriam sido vítimas de abuso do médico durante consultas. Uma força-tarefa com reforço de agentes corre para ouvir todas as denunciantes e testemunhas que possam auxiliar na investigação.
Enquanto a polícia dá seguimento aos trabalhos, o médico, que está preso, perdeu o advogado que o acompanhava. Gustavo Nagelstein deixou a defesa na terça-feira (27), após se desentender com a namorada do cirurgião plástico.
— Opiniões diferentes que levam a ver que não há como dar continuidade — resumiu, sem entrar em detalhes.
Nagelstein, que atuou no caso Bernardo Boldrini na defesa de Edelvânia Wirganovicz, uma das condenadas pelo assassinato do menino, disse ter encontrado mais dificuldade no trabalho mais recente.
— Muito mais trabalho. Repercussão maior neste caso, me parece — declarou.
A namorada de Klaus, Amanda Vasconcellos, é investigada pela Polícia Civil por ameaçar as vítimas. Em vídeos publicados em uma rede social, ela afirmou que "vai se dedicar para acabar com a vida deles (denunciantes)" e que as pessoas "vão se arrepender".
O caso
O número de vítimas quando o caso veio à tona, em 13 de julho de 2021, era de 12. Nos últimos 15 dias, porém, mais de cem mulheres procuraram a polícia por meio dos canais oficiais e até mesmo pelo Instagram da delegada responsável pela investigação, Jeiselaure Rocha de Souza.
Reportagem de GZH revelou, na última sexta-feira (23), que no ano de 2003 Klaus também foi alvo de denúncias por parte de pacientes que diziam ter sido abusadas por ele. Sete mulheres denunciaram o cirurgião naquele ano, e ele acabou sendo indiciado por atentado violento ao pudor. Foi pedida a prisão dele, mas a solicitação foi negada pela Justiça.
A delegada da época, Silvia Coccaro, lembrou que as mulheres tiveram seus relatos descredibilizados e que Klaus "era uma pessoa muito influente". Para a delegada atual, Jeiselaure Rocha, o caso antigo mostra que a "conduta lasciva, que ultrapassa e muito a boa relação entre médico e paciente" ocorre "há muito tempo".
Absolvido 15 vezes
Conforme documento obtido por GZH, o médico foi alvo de 23 sindicâncias ou processos ético-profissionais abertos no Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremers) nos últimos 20 anos. Em pelo menos 15 desses casos, foi absolvido ou teve as denúncias arquivadas.
Os motivos que geraram os procedimentos não foram revelados pelo Cremers, que também não confirmou a existência desses processos junto à entidade. Em duas oportunidades, Klaus teve o registro cassado, mas as decisões foram revertidas no Conselho Federal de Medicina (CFM).
Posição da defesa
GZH tenta confirmar quem é o novo advogado de Klaus Brodbeck. A reportagem será atualizada quando houver manifestação da defesa.
Como fazer denúncias
A Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher da Capital pode ser contatada pelos telefones (51) 98402-2495/98682-9585 ou pelo WhatsApp da Polícia Civil: (51) 98444-0606.