Soldado da Brigada Militar desde 2016, Jhonatan Grendene Caverzan Maximovitz, 28 anos, morreu após ser atropelado por criminosos que arremessavam objetos para dentro do pátio do Presídio Estadual Erechim na tarde do último sábado (6). Integrante da Força Tática do 13º Batalhão de Polícia Militar (BPM), responsável pelo policiamento em 37 municípios do norte do Estado, Maximovitz é descrito por superiores como um policial acima da média, comprometido, autodidata e apaixonado pela profissão.
Há um ano ele teve a oportunidade de assumir funções administrativas — foi convidado para auxiliar na logística da 1ª Companhia de Policiamento de Erechim por ter conhecimento em informática —, mas pediu para seguir na rua.
— Ele me disse que se eu quisesse vê-lo feliz, que o deixasse com os colegas da Força Tática, era lá que ele gostava de estar. Ele tinha um amor pelo que fazia. Eu o considero um profissional exemplar, tinha um conhecimento muito grande da técnica policial, de armas, estudava e fazia cursos por iniciativa própria. Estamos todos muito abalados — afirma o capitão Altemar Dutra, comandante da 1º Companhia de Policiamento de Erechim.
Natural de Colider, no Mato Grosso, Maximovitz é o caçula de dois filhos de uma família que criou vínculos em Getúlio Vargas, cidade onde o soldado foi sepultado neste domingo (7). Era casado e morava com a esposa em Erechim. Iniciou a carreira militar no Exército, em 2011, servindo em Alegrete, e cinco anos depois ingressou na Academia de Policia Militar de Porto Alegre. Formado em 2017, começou como soldado em Viadutos, município de 4,6 mil habitantes. Foi transferido para Erechim em 2019.
No dia a dia, conforme o capitão, o soldado era carismático, agregador, pontual e costumava ser chamado para missões delicadas:
— Era um profissional que qualquer comandante gostaria de ter, com conduta retilínea. Vestia a camiseta. Não tinha escala ruim. Os problemas da sociedade também eram dele. É uma perda irreparável. Estou sentindo essa dor mas tenho que motivar meu pessoal, temos uma missão constitucional que é seguir em frente e erguer a cabeça.
Comandante do 13º Batalhão de Polícia Militar (BPM), major Uilson Leri Cecconello afirma que o bom desempenho Maximovitz o levou a integrar o pelotão de Força Tática. A equipe recebe treinamento diferenciado, trabalha com armas com maior poder de enfrentamento e atua em ocorrências mais graves, como roubo a banco e combate ao narcotráfico. Para o major, a morte Maximovitz impacta todo o batalhão:
— É uma indignação e inconformismo que envolve, além da família, todos os policiais militares. A ousadia dos delinquentes foi muito grande. Faremos uma reunião com toda equipe, traremos uma psicóloga para conversar com eles para recomeçarmos. Não iremos nos encolher, pelo contrário.
Os colegas que estavam trabalhando com Maximovitz na tarde de sábado relatam que ele estava feliz e realizado. A guarnição em que o soldado estava foi acionada após pessoas serem flagradas arremessando objetos para dentro do presídio de Erechim. A bordo de um Monza, os criminosos fugiram. Ao desembarcarem da viatura, a guarnição da Força Tática foi surpreendida pelo veículo, que, em alta velocidade, atingiu Maximovitz e colidiu contra outro carro.
Ele tinha um amor pelo que fazia. Eu o considero um profissional exemplar, tinha um conhecimento muito grande da técnica policial, de armas, estudava e fazia cursos por iniciativa própria.
CAPITÃO ALTEMAR DUTRA
Comandante da 1º Companhia de Policiamento de Erechim
— A guarnição estava fazendo um procedimento padrão, que é sair da viatura para se posicionar e abordar. O veículo vinha numa velocidade tão alta que desviou da viatura e atropelou o policial — explica o major Cecconello.
O atropelamento aconteceu às 15h e o soldado morreu quatro horas depois, na UTI do hospital. Dois homens, de 19 e 29 anos, foram presos em flagrante e vão responder por homicídio. A dupla teve prisão preventiva decretada e tem antecedentes por envolvimentos com homicídios, ameaça, roubo a estabelecimento comercial e porte ilegal de arma.