O ponto de partida para a Operação Constrição, feita nesta segunda-feira (22) em Porto Alegre — com o cumprimento de sete mandados de busca e apreensão e 16 de prisão —, foi a morte de sete pessoas no bairro Jardim Carvalho, em 26 dias – o total chega a 10 quando se pega um período maior, de 44 dias, entre 8 de janeiro e 20 de fevereiro. Seis assassinatos ocorreram em um período de 48 horas e em um raio de um quilômetro (veja o mapa abaixo). O trabalho é do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa com apoio da Brigada Militar.
A violência colocou as forças de segurança em alerta. Durante a investigação que embasou a Operação Constrição, mais ataques foram registrados. Até a manhã de domingo (21), o total de mortes causadas pela guerra entre criminosos da Grande Cruzeiro do Sul (facção Antibala) e do Jardim Carvalho (Bala na Cara) chegava a 12 — além de um morto em confronto com a BM.
O primeiro caso ocorreu em 8 de janeiro, quando William Nazário de Souza foi morto com 20 tiros. Pelos menos dois homens participaram do ataque. Investigações apontam que a ordem foi dada de dentro do sistema penitenciário.
Já no dia 30 de janeiro, foram mortos Jefferson Ricardo da Silva Gomes e José Adroaldo Menezes. Perto dos corpos foram recolhidas munição calibre 9 mm e de fuzil .556.
No dia 31, a vítima foi Marcel de Freitas Santiago. Ele foi baleado na madrugada, e o corpo encontrado pela manhã.
Em 1º de fevereiro, mais três vítimas em um único ataque a uma casa: Pedro Henrique Silva Santos Soares e os irmãos Paulo Gabriel e João Vitor Correa de Lima. Segundo testemunhas, 10 homens armados invadiram a casa onde o trio dormia. Teriam se identificado como policiais.
Apesar do medo que domina localidades conflagradas pelo tráfico, testemunhas apontaram como suspeitos das mortes ex-moradores do Jardim Carvalho, expulsos do local pela facção que tomou conta de pontos de tráfico. Todos são alvo da operação desta segunda-feira.