O governador Eduardo Leite divulgou, na manhã desta sexta-feira (20), vídeo em que comenta o caso do homem negro espancado até a morte no supermercado Carrefour do bairro Passo D'Areia, na zona norte de Porto Alegre. O crime ocorreu na noite de quinta-feira (19) e vitimou João Alberto Silveira Freitas, 40 anos.
Ao lado da chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, e do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Rodrigo Mohr, Leite afirma que as cenas "nos deixam indignados" e promete rigor na apuração do caso. O governador também presta solidariedade aos familiares e amigos da vítima.
— Todas as circunstâncias em que esse crime aconteceu estão sendo apuradas, para que sejam punidos os responsáveis — disse.
— Todo o esforço do Estado (estará) na apuração para que os responsáveis por esse crime enfrentem a Justiça, tendo a sua oportunidade de defesa. Mas as cenas são incontestes de que houve excessos que deverão ser apurados — afirmou.
Após a gravação do vídeo, Leite seguiu para o ato de formatura de 84 bombeiros, no Ginásio Gigantinho. Ao final do evento, perguntado sobre a relação entre o crime contra Freitas e a questão racial, Leite afirmou:
– Episódio deplorável, que nos deixa consternados com as imagens, especialmente num dia 20 de novembro, justamente no Dia da Consciência Negra. Nosso governo criou na Polícia Civil um departamento de proteção a grupos vulneráveis. Estamos por inaugurar nos próximos dias uma delegacia especializada em crimes de intolerância, justamente neste esforço de enfrentamento desses crimes que são causados por intolerância, atacando grupos que são especialmente vulneráveis. Episódio de violência lamentável, cenas que nos deixaram indignados – avaliou o governador.
Leite prometeu que o caso será acompanhado pela Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos com acompanhamento de entidades da sociedade civil.
O caso
João Alberto Silveira Freitas morreu após ter sido espancado na porta do supermercado Carrefour no bairro Passo D'Areia. O fato ocorreu na noite de quinta-feira.
De acordo com informações preliminares, o crime foi precedido por uma discussão dentro do estabelecimento com uma funcionária, um segurança de uma empresa terceirizada e um PM temporário. Os dois homens, identificados como Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva, foram detidos e presos em flagrante por homicídio qualificado.
Leia as reportagens sobre o caso:
Leia a opinião dos colunistas de GZH:
- Daniel Scola: violência desmedida por seguranças despreparados
- Marta Sfredo: é por vidas como a de João Alberto que vagas de trabalho exclusivas para pessoas negras são necessárias
- Tulio Milman: não há "mas" que justifique este assassinato
- Kelly Matos: um homem negro espancado até a morte no Carrefour; e você, vai fazer o quê?