A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (22), operação no Rio Grande do Sul para apurar crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Conforme a investigação, os crimes eram praticados por doleiros que atuam no Estado, parte deles em apoio a grupos criminosos.
A ação contou com o auxílio da Receita Federal. Os nomes dos alvos não foram divulgados.
Cerca de 40 policiais cumpriram nove mandados de busca e apreensão em duas cidades: sete em Porto Alegre e dois em Estância Velha. Os locais são escritórios e residências dos investigados, que, segundo a PF, estariam agindo informalmente como negociadores de câmbio, no chamado mercado negro ou de dólar paralelo.
Um dos doleiros alvo da ação operava junto com contrabandistas de cigarros no Estado. O grupo era investigado em outra operação da Polícia Federal.
Cinco pessoas são investigadas na operação. Segundo o delegado Eduardo Dalmolin Bollis, não há vinculação entre eles:
— São pessoas que atuam cada uma no seu espaço. Infelizmente, o Rio Grande do Sul tem uma junção grande de doleiros há algum tempo. A figura do doleiro é a de pessoas que, muitas vezes, até atuam no mercado formal, mas atendem pessoas que querem fazer transações de forma clandestina, sem passar pelos órgãos devidos. É um circuito que opera às escondidas.
São apurados os crimes de atuação irregular no mercado de câmbio e de evasão de divisas. A coleta e a análise do material apreendido poderão apontar outros crimes praticados pelos envolvidos.
Até o fim da manhã, havia sido apreendida uma grande quantidade de dinheiro. A maioria é de cédulas de dólar e de real, mas há também uma quantidade de euro. O valor ainda não foi contabilizado. Em apenas um dos endereços, as imagens enviadas pela PF mostram cerca de 20 maços de dinheiro sendo retirados de um cofre.
Segundo a PF, o mercado ilegal de câmbio, além de causar prejuízo ao Sistema Financeiro Nacional e à Ordem Tributária — sonegação —, está ligado muitas vezes à lavagem de dinheiro e a operações de descaminho e contrabando.
A operação é chamada de Formigueiro devido à grande incidência de casos similares no Rio Grande do Sul. Isso ocorre devido à condição geográfica do Estado, que tem diferentes áreas de fronteira.