À sombra de uma primavera em flor, a dentista Bárbara Machado Padilha foi sepultada na manhã desta quinta-feira (15), em Tupanciretã, na região central do Estado. O enterro reuniu dezenas de amigos e parentes na propriedade rural da família, às margens da BR-158, onde Bárbara ocupou o mesmo jazigo dos avós, no cemitério particular dos Padilha.
O corpo da dentista havia sido encontrado no dia anterior, em um matagal à beira da mesma rodovia, em Santa Maria. Bárbara estava desaparecida desde sábado (10), quando saiu de casa, em Tupanciretã, levando apenas dinheiro e o telefone celular. Por enquanto, a principal linha de investigação da Polícia Civil aponta para suicídio.
A possibilidade de que Bárbara tenha tirado a própria vida surpreendeu as pessoas que acompanharam seu velório. Amigos e familiares que lotaram a Capela São Camilo, no centro de Tupanciretã, contam que a dentista era uma pessoa alegre e planejava casar com o namorado, Pedro Ribas, comprar uma casa e ter filhos.
— Bárbara era uma pessoa maravilhosa, tinha muita força e, ao mesmo tempo, era muito meiga. Estava cheia de planos – comenta uma tia, Luciane Sampaio.
Formada em Odontologia pela Universidade Franciscana, de Santa Maria, Bárbara mantinha um consultório movimentado e participava do projeto Mulheres Empreendedoras, que durante a pandemia arrecadou mantimentos para famílias carentes de Tupanciretã.
Devagar e em silêncio, o cortejo fúnebre partiu da Capela São Camilo com duas caminhonetes somente para transportar as cerca de 30 coroas e arranjos de flores enviados à família. No jazigo, erguido no alto de uma coxilha à beira da estrada vicinal, ela foi sepultada em meio às lágrimas e os aplausos das pessoas que lhe amavam.
— Ela era cuidadosa, estava sempre se preocupando com o bem-estar de todo mundo — lamentou Luísa Copetti, amiga há 23 anos.
Filha de uma professora e um produtor rural, Bárbara era gregária e muito próxima da família. Todavia, Pedro relatou à polícia que ela estava diferente nas últimas semanas. Mais quieta, pouco interagia com os amigos e havia deixado de frequentar as aulas de pilates e o salão de beleza. Ele próprio havia sugerido uma consulta a um psicólogo.
Investigação
No sábado, a última imagem de Bábara viva foi registrada às margens da BR-158. Ela havia desembarcado de um táxi executivo e ingressado em um posto de combustíveis. Ela deixou o local às 19h53min, após ter comprado um doce e uma água mineral. Em seguida, caminhou cerca de 600 metros pelo acostamento, passou uma ponte e entrou no mato.
O corpo dela foi encontrado por cães farejadores, de bruços e sem sinal de violência, num local ermo a cerca de 300 metros mata adentro. O celular não foi localizado pelos agentes, mas Bárbara estava com a aliança e os brincos de ouro.
De acordo com o delegado regional Sandro Meinerz, os laudos periciais ainda devem demorar algumas semanas para ficarem prontos. Até o final desta quinta-feira, contudo, ele espera ser informado sofre o horário aproximado da morte e a causa do óbito.
— Pedi diversos exames laboratoriais e coleta de materiais para descobrir se ela ingeriu algum medicamento ou qualquer outra substância. Isso demora mais, mas a causa da morte e o horário aproximado já nos ajuda na investigação — afirma Meinerz.