Tem o sugestivo apelido de Bin Laden o quadrilheiro foragido, preso pela Brigada Militar na noite de domingo (6) no bairro Partenon, zona leste de Porto Alegre. Não é para menos: dentro do Toyota Ethios roubado e com placas clonadas, no qual ele circulava pela Avenida Ceres, foram encontradas duas bananas de dinamite, colete à prova de balas e pregos retorcidos (os chamados miguelitos, para furar pneus), tudo costumeiramente usado por ladrões de banco.
O criminoso conhecido como Bin Laden, Régis da Silva Lopes, é notório tanto para a Brigada Militar quanto para a Polícia Civil. Ele já teve o nome divulgado na Interpol (Polícia Internacional) por envolvimento em um rumoroso assalto a banco na Argentina. No roubo, realizado em fevereiro de 2015 em El Soberbio (próximo à fronteira com o Rio Grande do Sul), foi morto um policial e outro ficou ferido gravemente.
Na ocasião, Bin Laden foi preso numa granja na região das Missões, já no Brasil, junto a outros três quadrilheiros. Com eles foram apreendidos fuzis, coletes à prova de balas, carros de luxo e até jangadas usadas para cruzar o Rio Uruguai (que separa o Brasil da Argentina, naquele ponto).
Após algum tempo preso na Penitenciária Modulada de Ijuí, Bin Laden conseguiu relaxamento de prisão e logo voltou ao crime. Em outubro de 2017, foi preso e baleado em confronto com a BM após o assalto a uma joalheria em Barra do Ribeiro. Ficou com uma perna fraturada pelo tiro. Um dia, se queixando de dores, foi levado ao Hospital Cristo Redentor (em Porto Alegre). Médicos desconfiaram do volume da tala de gesso na perna e descobriram que, debaixo do invólucro, ele escondia quatro aparelhos celulares.
Bin Laden ficou preso até junho deste ano, em regime fechado. Ganhou licença para usar tornozeleira, arrancou o aparelho da perna e fugiu novamente, sendo capturado na noite de domingo (6).
O 19º Batalhão da BM teve de isolar o veículo roubado onde Bin Laden se encontrava, em decorrência da presença de explosivos. O material foi levado pelo o Batalhão de Operações Especiais (Bope) até uma pedreira no bairro Glória, onde foi destruído.
Ao ser interrogado, Bin Laden admitiu que iria participar da explosão de uma agência bancária em Cruz Alta, no noroeste do RS, sua região de origem.
Bin Laden seria ligado à menor das três grandes facções criminosas gaúchas, conhecida como Os Abertos. Ele é apontado como integrante de uma famosa quadrilha de assaltantes comandada por José Carlos dos Santos, o Seco.
O delegado João Paulo Abreu, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil, rastreia a quadrilha há meses e diz que eles são responsáveis por diversos ataques com explosivos em várias regiões do Rio Grande do Sul, sobretudo a zona sul. Ele vai examinar os celulares apreendidos para checar os planos.
— Tudo indica que iriam fazer uma grande ação esta semana. A BM está de parabéns — comenta o delegado.