Acabou por volta das 21h desta segunda-feira (20) o primeiro dia do julgamento de Peterson Oliveira, Vinicius Silva e Leonardo Cunha, acusados do assassinato de Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, 17 anos, em Charqueadas. O crime ocorreu na saída de uma festa em agosto de 2015. A sessão será retomada nesta terça-feira (21), às 9h.
Foram ouvidas as vítimas Ronei Wilson Faleiro, pai do adolescente assassinado, e o casal de amigos Richard Wienke e Francielle Wienke. Das seis testemunhas que falarão no juri — quatro de acusação e duas de defesa —, duas foram ouvidas: o delegado de Polícia Rodrigo Reis, que conduziu as investigações, e Claudia Silva, mãe buscou filha na mesma festa.
O pai do adolescente abriu os trabalhos contando um pouco da rotina da família até o dia do crime. Emocionado, lembrou que o filho nunca deu trabalho e que queria fazer uma faculdade. Pelo número de pessoas na agressão, ele afirmou que se tratou de um ataque, não de uma briga. E contou o que ouviu do filho em seus últimos momentos de vida.
— Pai, jura pra mim que tu tá bem? Esta foi a última frase que eu ouvi — relatou pai.
Francielle falou em seguida, respondendo questionamentos da juíza Greice Moreira Pinz, dos promotores e dos defensores dos réus. Colega de aula de Ronei Júnior, relatou que o adolescente era estudioso, um dos mais inteligentes da turma. Ela lembrou que Leonardo e Vinicius participaram da agressão, batendo nas portas do carro.
Já o delegado Reis afirmou que o grupo acusado pelo crime era conhecido por invadir festas, causar brigas e agredir outros jovens no município.
— Eles sabiam o que estavam fazendo. Não se agrediram entre si, apenas as vítimas. Os demais não morreram porque tiveram sorte — afirmou o delegado.
Em seguida, falou Claudia. Ela e a filha estavam saindo do clube no mesmo momento em que Ronei e os amigos iam embora.
— Era uma cena de guerra. Voava garrafa por todos os lados — contou, confirmando que viu os jovens quebrando garrafas no carro das vítimas e também arremessando objetos.
Ainda restam duas testemunhas de acusação e duas de defesa para serem ouvidas. Depois dessa etapa, haverá o interrogatório dos réus. A previsão é de que o júri seja concluído até quarta-feira (22).
Ao todo, o processo possui nove réus. Os demais júris irão ocorrer nos dias 13 e 27 de abril. Inicialmente, o julgamento de todos estava marcado para 18 de novembro de 2019, mas foi adiado no dia da sessão pela juíza Greice Moreira Pinz. A magistrada atendeu a pedido do advogado de um dos réus, que alegou que recém havia assumido o caso e que precisava de mais tempo.
O caso
Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro foi assassinado na saída de uma festa no Clube Tiradentes. O adolescente morreu atingido por chutes, socos, garrafadas e golpeado com os cacos de vidro. O pai, Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro, que estava chegando ao clube para buscá-lo, e um casal de amigos também foram agredidos. O adolescente chegou a ser levado ao hospital da cidade pelo pai, que foi orientado a transportá-lo até Porto Alegre. Ele morreu antes de chegar.
Segundo o promotor Márcio Abreu Ferreira da Cunha, havia rixa de um grupo, que se denominava "Bonde da Aba Reta", com pessoas de outras cidades que frequentavam festas em Charqueadas. Um amigo de Ronei Júnior era de São Jerônimo.
Os acusados respondem pelos crimes de homicídio qualificado, três tentativas de homicídio qualificado, associação criminosa e corrupção de menores. Os nove réus são Alisson Barbosa Cavalheiro, Cristian Silveira Sampaio, Geovani Silva de Souza, Jhonata Paulino da Silva Hammes, Leonardo Macedo Cunha, Matheus Simão Alves, Peterson Patric Silveira Oliveira, Vinícius Adonai Carvalho da Silva e Volnei Pereira de Araújo. Todos tinham, à época do crime, entre 18 e 21 anos.
O MP apontou sete adolescentes na acusação: a quatro deles foi aplicada, em setembro de 2015, medida socioeducativa de internação por três anos, prazo máximo estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente. Os outros três foram absolvidos.