O julgamento de três acusados do assassinato de Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, 17 anos, na saída de uma festa em agosto de 2015, em Charqueadas, começou por volta das 10h desta segunda-feira (20) no fórum da cidade. Os réus Perterson Oliveira, Vinicius Silva e Leonardo Cunha chegaram por volta das 8h30min, escoltados pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
Em frente ao fórum, localizado na Travessa Buchaim, há reforço policial, movimentação da imprensa e o trânsito está bloqueado. Não há protesto ou qualquer manifestação de familiares e amigos da vítima.
O acesso ao júri é restrito. Apenas a familiares das vítimas podem acompanhar o julgamento. Isso porque o caso está relacionado a outro processo, envolvendo adolescentes e que está em segredo de Justiça.
A sessão é presidida pela juíza Greice Moreira Pinz. No começo dos trabalhos, os jurados que compõem o conselho de sentença foram sorteados. Apenas uma mulher integra o corpo de sete jurados. São eles que decidirão se os réus serão condenados ou absolvidos pelo crime. Em caso de condenação, a juíza define o tempo e as condições da pena.
O júri deve durar três dias porque serão ouvidos vítimas – Ronei Wilson Faleiro, pai do adolescente assassinado, e o casal de amigos Richard Wienke e Francielle Wienke –, réus e 22 testemunhas.
Por último, será feito o interrogatório dos réus. Na sequência, serão realizados os debates entre a acusação e as defesas. Caso desejem, podem dispor, cada um, de período para réplica e tréplica.
A acusação é feita pelos promotores de Justiça Márcio Schlee, João Sidou e Marcio Abreu Ferreira da Cunha. A defesa de Vinicius Silva é feita pelo advogado Celomar Cruz Cardoso. Leonardo Cunha é defendido defensora pública Tatiana Kosby Boeira enquanto Diander Rocha advoga para o réu Peterson Oliveira.
Ao todo, o processo possui nove réus. Os demais júris irão ocorrer nos dias 13 e 27 de abril. Inicialmente, o julgamento de todos estava marcado para 18 de novembro de 2019, mas foi adiado no dia da sessão pela juíza Greice Moreira Pinz. A magistrada atendeu a pedido do advogado de um dos réus, que alegou que recém havia assumido o caso e que precisava de mais tempo.
O caso
Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro foi assassinado na saída de uma festa no Clube Tiradentes. O adolescente morreu atingido por chutes, socos, garrafadas e golpeado com os cacos de vidro. O pai, Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro, que estava chegando ao clube para buscá-lo, e um casal de amigos também foram agredidos. O adolescente chegou a ser levado ao hospital da cidade pelo pai, que foi orientado a transportá-lo até Porto Alegre. Ele morreu antes de chegar.
Segundo o promotor Márcio Abreu Ferreira da Cunha, havia rixa de um grupo, que se denominava "Bonde da Aba Reta", com pessoas de outras cidades que frequentavam festas em Charqueadas. Um amigo de Ronei Júnior era de São Jerônimo.
Os acusados respondem pelos crimes de homicídio qualificado, três tentativas de homicídio qualificado, associação criminosa e corrupção de menores. Os nove réus são Alisson Barbosa Cavalheiro, Cristian Silveira Sampaio, Geovani Silva de Souza, Jhonata Paulino da Silva Hammes, Leonardo Macedo Cunha, Matheus Simão Alves, Peterson Patric Silveira Oliveira, Vinícius Adonai Carvalho da Silva e Volnei Pereira de Araújo. Todos tinham, à época do crime, entre 18 e 21 anos.
Na época, o ataque contou com a participação de adolescentes. O MP apontou sete na acusação: a quatro deles foi aplicada, em setembro de 2015, medida socioeducativa de internação por três anos, prazo máximo estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente. Os outros três foram absolvidos.