Um novo ataque ocorrido domingo (12) em Ijuí, noroeste do Estado, preocupa a polícia porque pode ter sido uma retaliação a outro caso semelhante ocorrido em um período inferior de três dias. Na noite passada, uma criança de nove anos levou dois tiros após uma casa ter sido invadida por um grupo de criminosos. Na última quinta-feira (9), outra residência foi invadida e os suspeitos mataram uma mulher, feriram dois jovens e teriam levado uma vítima como refém. Um corpo foi encontrado próximo ao local e é aguardado resultado pericial para identificação. A investigação apura possível ligação entro os dois fatos que teriam sido motivados por retaliações envolvendo o tráfico de drogas.
Segundo o delegado Maurício Posselt, que investiga os dois casos, as ações não são comuns na cidade, mas desde o ano passado têm ocorrido vários crimes devido à presença no município de uma facção criminosa que tem base na região metropolitana de Porto Alegre. O grupo está envolvido com o tráfico de drogas, extorsões, vários homicídios e outros crimes.
— Não é comum isso por aqui, mas, infelizmente, tem se intensificado nos últimos meses e tem os mesmos moldes da Região Metropolitana. A semelhança entre os dois casos está no modus operandi, mesmo tipo de arma, número de integrantes e na crueldade como estão agindo em Ijuí, o que não era comum aqui — diz Posselt.
Para a polícia, o caso de domingo pode também ter sido cometido pela mesma facção, mas é mais provável que possa ter ocorrido uma retaliação.
No domingo, por volta de 23h, pelo menos seis homens armados invadiram uma casa no bairro Pindorama e atiraram no braço esquerdo e no abdômen da criança. A vítima está hospitalizada. Dois prováveis alvos, dois homens, fugiram por uma janela do imóvel.
Primeiro ataque
Na quinta-passada, pelo menos 10 homens entraram em uma residência no bairro Lambari, após fecharem a entrada de um beco. Eles deram vários tiros e também entraram em outros imóveis. Quando encontraram o alvo que procuravam, atiraram em todas as pessoas que estavam com ele.
Claudete Silva, 57 anos, que era paraplégica, foi morta no local — apura-se que foi simplesmente para não ser testemunha do homicídio. Uma adolescente de 13 anos e um jovem de 19 anos também foram baleados. Os dois seguem hospitalizados. Um homem de 33 anos, que seria a pessoa que o grupo procurava, levou um tiro no rosto e foi levado como refém. Na noite passada, um corpo foi localizado próximo à residência em que houve o primeiro ataque. A polícia aguarda resultado pericial para a identificação.
Nos dois casos, a polícia encontra semelhanças, como por exemplo, uso de espingarda calibre 12, um grande número de integrantes, locais identificados como pontos de venda de drogas, invasões de casas e crueldade na forma de agir. A diferença desta vez é o fato de que, no primeiro caso, o os suspeitos estavam encapuzados e, desta vez, não usavam máscaras.
Posselt diz que a investigação continua, primeiro para ver se confirma uma ligação entre os dois fatos, mas também com a tentativa de identificar os criminosos e um corpo localizado próximo a uma das residências onde houve um dos crimes.
— O problema é que as pessoas têm medo, e é compreensível, de prestar depoimento e também porque nestes locais não há qualquer tipo de câmera de segurança — explica Posselt.