O autor confesso do assassinato de Camilo Geremia, que aconteceu na quarta-feira (18) alegou que pensou que o empresário estivesse armado. O depoimento aconteceu na tarde desta sexta-feira (20), quando o investigado se apresentou à Polícia Civil. O homem de 50 anos, que não teve a identidade divulgada, afirmou que era amigo de longa data de Geremia, mas que uma desavença aconteceu durante uma festa em um sítio em Garibaldi.
Esta briga está em investigação pela delegacia daquela cidade e, por isso, nenhum detalhe é divulgado para preservar os envolvidos. O autor confesso do homicídio não foi preso.
O suspeito se apresentou à 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP) no início da tarde e o depoimento durou aproximadamente três horas. O investigado mencionou várias vezes que possuía uma longa amizade com a vítima e também prestava serviços com sua empresa, mas que estava evitando contato com Geremia desde a briga acontecida na festa do seu aniversário e que teria sido presenciada por várias pessoas.
— Segundo o suspeito, o que motivou este delito foi um fato entre familiares do suspeito e a vítima do homicídio, na data de 7 de dezembro de 2019, em um sítio em Garibaldi. Este fato está sendo investigado por aquela delegacia. Para não expor os envolvidos, não vou entrar em detalhes. O suspeito afirmou que esta situação abalou por completo as estruturas familiares e psíquicas dele. Em virtude disso, cometeu o crime no dia 18 — aponta o delegado Arthur Reguse.
Antes do crime, o autor confesso relata que havia ido até Garibaldi tratar do inquérito em andamento naquela delegacia que tem Geremia como investigado. Na volta, teria recebido diversos contatos telefônicos do empresário. A Polícia Civil confirmou que quatro ligações aconteceram entre 9h45min e o assassinato às 10h30min.
— O suspeito afirma que Camilo teria dito "estou indo aí, vamos resolver". No interrogatório, ele também afirma que havia sido ameaçado em 16 de outubro, após o suspeito ligar para a esposa da vítima e declarar que queria romper os serviços que prestava no estabelecimento de Camilo — aponta Reguse.
Na manhã de quarta-feira, após as ligações, o suspeito relata que trafegava pelo bairro São Roque e reconheceu a caminhonete de Geremia. O investigado passou a acompanhá-lo e decidiu interceptá-lo quando este se aproximou da sua casa. As imagens colhidas pela Polícia Civil mostram que não era uma situação de emergência ou urgência.
— É uma situação em velocidade normal. Ele seguiam em velocidade compatível e, quando o Camilo faz a volta na frente da casa, o suspeito cortou a frente com o seu automóvel, desceu e, alegando que o suspeito tivesse feito alguma movimentação, sacou o revólver e atirou cinco vezes — relata Reguse.
Os primeiros dois tiros foram em direção à janela do motorista, que estava com o vidro aberto. O primeiro atingiu o empresário no rosto. Na sequência, o autor se aproximou e efetuou mais três tiros à queima-roupa, que atingiram o peito da vítima.
Sobre a possível prisão do autor confesso, o delegado Reguse afirma não ter elementos até o momento para fundamentar uma prisão cautelar. O homem de 50 anos só teria passagens por crimes de menor potencial ofensivo.
A arma do crime foi apresentada pelo investigado. O revólver não possui registro. Segundo a Polícia Civil, o investigado afirmou que seria uma arma muito antiga que recebeu como pagamento de um serviço. Isso também não foi considerado fundamento para prisão cautelar.
Crime em Garibaldi segue em investigação
Procurado pela reportagem, o delegado de Garibaldi afirma que irá se informar sobre o depoimento em Bento Gonçalves antes de qualquer manifestação.
— Efetivamente aconteceu um fato em Garibaldi, em princípio envolvendo as mesmas partes, mas não posso fazer uma afirmação categórica. (O empresário Camilo Geremia) estava sendo investigado. Se cometeu ou não (um crime), é cedo para manifestar. Depende, eventualmente, de laudos periciais. Eventualmente, os trabalhos (de investigação em Bento Gonçalves) poderão ser aproveitados (sobre o fato anterior). E a recíproca também pode ser verdadeira _ afirma o delegado Clóvis Rodrigues de Souza.