Para a Polícia Civil, quando ingressou em um salão comunitário em Sério, no Vale do Taquari, e atirou contra um grupo de amigos que jogava cartas, matando três pessoas e ferindo outras duas, Vanderlei Matthes, 32 anos, estava em surto psicótico. Até o momento, essa é a hipótese com que trabalha o titular da Delegacia de Polícia de Encantado, Augusto Cavalheiro Neto. De acordo com a investigação, o atirador era acompanhado pelo serviço de psicologia de uma unidade de saúde de Sério. A polícia ainda não teve acesso aos prontuários médicos de Matthes.
— A tese mais provável, hoje, é de que ele tinha depressão com componente suicida, de que ele realmente surtou. É a tese pela qual temos mais provas nos autos.
A investigação levantou que um familiar de Matthes tinha depressão diagnosticada e tratava a doença há 20 anos. A polícia apura uma segunda hipótese de motivação, mas que ainda é mantida sigilo.
— A gente ainda não fechou a questão. Até agora, pelos elementos que temos, a tese mais provável é essa, mas avaliamos outra linha também — afirmou.
No domingo, por volta das 15h30min, Matthes disparou ao menos 42 tiros contra um grupo de homens que estava em um salão comunitário em Arroio Abelha, no interior de Sério. Os tiros mataram Imério Ferri, 66 anos, seu filho Odair Ferri, 38, e Cesar Mario Verruck, 46, e feriram Alécio José Ferri, 60, e Valdemiro Matthes, 58, pai do atirador. Matthes preservou uma testemunha e pediu que ela ligasse para a Brigada Militar. No local, os policiais atiraram e mataram Matthes.
— Para a testemunha, Matthes teria dito que era para chamar a Brigada Militar porque "ele queria levar um policial comigo." E levar para onde? Para a morte. Ele está admitindo que iria morrer e que queria que um policial fosse junto. Ele sabia ele não sairia dali vivo —avalia o delegado.
Por estas características, de acordo com Cavalheiro Neto, Matthes é considerado um atirador ativo já que não tinha a intenção de sair vivo da ação. Neste casos, segundo o delegado, a intenção do assassino é matar o maior número de pessoas porque ele já admite que vai morrer.
— E ele tem um claro componente suicida na personalidade. Os policiais tentaram abrir diálogo e negociar uma rendição. Disseram para ele se entregar, mas, como resposta, ele enchia os policiais de tiro. Isso reforça a questão do componente suicida.
A arma usada no crime estava registrada em nome Vanderlei Matthes. Segundo pessoas próximas do atirador, ele teria comprado há cerca de um mês. Matthes, porém, não tinha porte de arma, ou seja, não poderia ter saído de casa com ela.
— O pai confirmou que ele atirava na área rural e que gostava de armas. Nem ele nem a mãe estranharam quando comprou a arma. Os pais o descreveram como um guri querido, quieto, introspectivo e que não tinha namorada. Ainda morava com eles — conta.
As vítimas Imério Ferri, 66 anos, Odair Ferri, 38 anos, e Cesar Mario Verruck, 46 anos, foram sepultadas na tarde de segunda-feira (4).