O adolescente de 17 anos que confessou ter atacado o Instituto Estadual de Educação Assis Chateaubriand, em Charqueadas, na tarde desta quarta-feira (21), era ex-aluno da escola. Em depoimento à Polícia Civil, contou que sofria bullying dos colegas em 2015 e que se inspirou no massacre de Suzano — onde 10 pessoas morreram, incluindo os dois atiradores.
O autor do crime contou ainda que planejou toda a ação sozinho. Por volta das 13h30min, invadiu a escola armado com uma machadinha e um coquetel molotov. O ataque começou na turma 171, da sétima série.
Com um pano escondendo o rosto, vestindo moletom e calça jeans, o invasor se agachou rente à porta, pegou um recipiente com combustível de dentro de uma mochila, o acendeu, abriu a porta e jogou dentro da sala. Assustados, os alunos tentaram sair quebrando a janela. O artefato não explodiu e o adolescente entrou na sala com a machadinha na mão distribuindo golpes.
Por que não identificamos os envolvidos?
GaúchaZH não divulga os nomes dos jovens feridos no ataque à escola em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Eles são considerados menores em situação de vulnerabilidade. O autor confesso, de 17 anos, também é amparado pelo ECA.
Seis adolescentes entre 12 e 14 anos foram encaminhadas para atendimento médico. Todos foram socorridos no Hospital de Charqueadas e já foram liberados.
O adolescente fugiu pelo portão da frente após ser desarmado pelo professor de Educação Física, Juliano Mantovani. Na porta da sala, o professor deparou com o adolescente segurando a machadinha numa mão e outro coquetel molotov na outra. Aos gritos de "para", ele conseguiu desarmar o jovem, mas se desequilibrou e ambos caíram.
— Ele não parecia em fúria. Parecia assustado. Tanto que eu tirei a machadinha e ele não reagiu — lembra o professor.
Quando eles estavam se levantando, outro aluno chegou ao local e acertou um soco no adolescente. Mesmo golpeado, ele se desvencilhou e fugiu, pulando um portão interno e saindo pela entrada principal do colégio.
— Eu acertei um soco nele, que ainda escorregou. Eu e outros colegas ainda fomos atrás, mas ele era muito rápido — lembra o estudante.
Mantovani também tentou perseguir o rapaz, mas logo foi chamado pelos alunos. Apavorados, eles diziam que os colegas atacados estavam sangrando sumiram para o local.
Ele foi até sua casa e trocou de roupa. O pai acionou a Brigada Militar. Foi assim que acabou preso.