O sequestro de um coletivo na Ponte Rio-Niterói, nesta terça-feira (20), fez os brasileiros lembrarem de outro crime envolvendo um ônibus no Rio de Janeiro, ocorrido há 19 anos. No dia 12 de junho de 2000, um homem armado com um revólver calibre 38 fez pelo menos 10 reféns e promoveu mais de quatro horas de terror em um veículo que fazia a linha 174.
A ação terminou de forma trágica: uma refém, a professora Geísa Firmo Gonçalves, morreu baleada pelo criminoso. Já o sequestrador, Sandro Barbosa do Nascimento, foi morto asfixiado dentro de um carro da Polícia Militar.
O sequestro começou às 14h30min, quando o homem armado embarcou no ponto em frente ao hospital da Lagoa, na Rua Jardim Botânico. O motorista, que escapou por uma das portas, disse que o bandido pagou passagem e se sentou em um banco.
Após a polícia cercar o ônibus, o homem fez uma jovem de refém. Quando o coletivo parou, por ordem dos policiais, em frente ao Parque Lage, o criminoso rendeu os demais passageiros.
Foram chamados reforços, com cerca de 200 policiais civis e militares, entre eles atiradores de elite, que ficaram em posição de tiro, a cerca de cinco metros do veículo. O trânsito na Rua Jardim Botânico, que liga a Gávea ao Humaitá, dois bairros da Zona Sul, foi bloqueado.
Criminoso simulou ter matado uma das reféns
No decorrer das negociações — o criminoso exigia granadas e R$ 1 mil —, o assaltante libertou três reféns. Por volta das 16h, o bandido mandou que uma das reféns escrevesse com batom, no vidro da frente do ônibus: "Ele vai matar geral às seis da tarde". Uma das reféns era levada de um lado para outro do ônibus, sendo puxada pelos cabelos. Depois ela escreveu: "Ele tem pacto com o diabo".
O criminoso atirou, primeiro, contra os jornalistas, sem ferir ninguém. Mais tarde, ele efetuou um segundo disparo no assoalho do veículo, simulando ter matado uma das passageiras.
Sandro aceitou se render quando já era noite, após muitos sinais de nervosismo e violência. Ele saiu do ônibus com uma arma apontada para Geísa, que acabou sendo morta pelo criminoso. O assaltante chegou a ser colocado no camburão, onde foi asfixiado por PMs e também morreu.
Repercussão
As cenas, transmitidas ao vivo pela TV, chocaram o país e levaram o presidente da República, à época Fernando Henrique Cardoso, a fazer um pronunciamento.
O crime também deu origem aos filmes Ônibus 174, lançado em 2002 por José Padilha, e Última Parada 174, de Bruno Barreto.