GaúchaZH buscou entender como o Primeiro Comando da Capital, maior facção do Brasil nascida em São Paulo, age e como esse grupo criminoso amplia seus tentáculos no Rio Grande do Sul. Confira, a seguir, 14 momentos nos quais o PCC tem envolvimento em solo gaúcho.
16 de fevereiro de 2001
O líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, (hoje na Penitenciária Federal de Brasília) chega ao Rio Grande do Sul. Em uma das tentativas das autoridades paulistas de isolá-lo, permanece preso 18 dias em Ijuí, no noroeste gaúcho. Ainda era naquele período considerado o número 2 na hierarquia do grupo.
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21 de fevereiro de 2001
São presos pela Polícia Federal (PF) 14 criminosos — 10 paulistas e quatro gaúchos — em Porto Alegre. Planejavam roubos na central de distribuição de valores do Banco do Brasil e contra um avião que transportava dinheiro no aeroporto Salgado Filho. Os ataques foram abortados pelos federais.
Fevereiro 2002
Marcola retorna ao Rio Grande do Sul, dessa vez para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde estavam os outros presos. Permanece no Estado mais 40 dias. No fim daquele ano, ascenderia ao posto de número 1 do grupo.
Setembro de 2006
São capturados 39 criminosos no centro de Porto Alegre, quando cavavam túnel que serviria para arrombar cofres do Banrisul e da Caixa Econômica Federal. O trajeto partia de um prédio de sete andares na Avenida Mauá. Alguns dos presos tinham participado do maior ataque a banco do país, o Banco Central em Fortaleza, em 2005, no qual R$ 164 milhões foram levados.
Abril de 2011
O Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, desencadeia a operação Camisa 10 contra a facção do Vale do Sinos. É apontado possível elo entre os criminosos gaúchos e paulistas no apoio para obtenção de armas e drogas.
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Novembro de 2012
Reportagem de Zero Hora revela o teor de um manuscrito, com as principais regras do grupo, apreendido no Presídio Central. O sétimo mandamento alertava "aquele que estiver em liberdade, bem estruturado, mas esquecer de contribuir com os irmãos que estão na cadeia será condenado à morte, sem perdão." Era a demonstração da tentativa da facção de fixar raízes no Rio Grande do Sul.
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Dezembro 2012
Ministério Público denuncia oito pessoas no RS por envolvimento com o PCC. Segundo a Promotoria, o grupo tinha por objetivo montar bases em Canoas e Gravataí, onde funcionariam pontos de vendas de crack que financiariam a expansão da organização. O negócio serviria para cooptar novos adeptos. Em agosto, haviam sido interceptadas duas remessas de crack.
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Novembro de 2013
A Polícia Civil mapeia cerca de 60 suspeitos de ligação com o PCC no RS. Durante a Operação Pirâmide, 23 são presos — 17 desses já estavam detidos em prisões gaúchas. A maioria era formada por detentos das Penitenciárias Moduladas de Ijuí e Uruguaiana.
2017
Investigação da Polícia Civil e do MP apontam que assaltantes de bancos estariam usando comunidades indígenas no Noroeste como esconderijo e teriam aliciado moradores das aldeias para série de roubos. Alguns dos presos teriam envolvimento com a facção do Vale do Sinos e com o grupo paulista.
Junho de 2018
Dois gaúchos são presos em Canoas e Caxias do Sul, durante a Operação Echelon, desencadeada pela Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP paulista. Eles teriam sido batizados pelo PCC.
Setembro de 2018
Documento elaborado pela Promotoria de SP, ao qual a reportagem de ZH teve acesso, aponta que o grupo teria naquele momento 729 simpatizantes no Estado. O cálculo se baseia nos relatório que as quadrilhas enviam para os chefes nas prisões.
7 de dezembro de 2018
A Polícia Civil prende 39 integrantes da facção do Vale do Sinos suspeitos de ameaçar policiais. As ações ocorrem em 12 municípios. São bloqueadas 35 contas bancárias e apreendidos R$ 3,5 milhões em bens. O alvo da investigação, um preso da Pasc, tinha passado pelas penitenciárias federais no Paraná e em Rondônia, onde segundo a polícia, estreitou contato com os paulistas.
17 de dezembro de 2018
Após investigação de quase oito meses, é deflagrada operação da Polícia Civil contra um esquema que seria responsável pelo roubo de, em média, um carro por dia em Porto Alegre. A maioria dos veículos era clonada e encaminhada ao Paraguai. Segundo a investigação, a encomenda dos crimes era feita pelo PCC. O contato em terras paraguaias seria um gaúcho vinculado ao grupo paulista.
Junho de 2019
Uma operação de combate à lavagem de dinheiro, do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), atinge a mesma facção. A polícia identifica áudios nos quais um dos líderes do grupo no Estado confirma o elo com o PCC. São cumpridos mandados em cinco municípios e apreendidos bens no valor de R$ 5 milhões.