O corpo de Wesley Sampaio, 19 anos, foi sepultado na manhã desta segunda-feira (22) no cemitério Jardim da Paz, na zona leste de Porto Alegre. Jogador da base do São José, o jovem estava em um SpaceFox que foi alvejado a tiros na Rua Dr. Carlos Barbosa, próximo ao Estádio Olímpico, na madrugada de domingo (21).
Com ele estavam duas pessoas: a namorada de Wesley, Sara Moreira de Oliveira, 16 anos — que também foi enterrada nesta manhã, na Zona Sul —, e o motorista e único sobrevivente, cuja identidade GaúchaZH não divulga por questões de segurança. Os atiradores estariam em um Ka.
Conhecido como Sampaio no São José, o jovem fazia parte das categorias de base do clube desde o sub-12. Amigo da família do atleta, Gilson Unikowski, 51 anos, o descreveu como um garoto do bem.
— Uma pessoa muito boa que estava lutando pra vencer na vida. Morava na Restinga. Está todo mundo arrasado — lamentou.
Wesley morava com dois irmãos, de 4 e 16 anos, a mãe e os avós. A vó Juraci de Oliveira Sampaio, 64 anos, disse que o neto ajudava com as despesas da casa e era extremamente carinhoso com eles.
— Estava no lugar errado e na hora errada. Um rapaz exemplar, sem problemas com ninguém — comentou.
Muitos foram ao sepultamento vestindo as cores do São José, como o presidente do clube, Flávio Abreu:
— É sempre difícil falar sobre a morte de um menino. Mas o Wesley era promissor, tanto que tinha contato profissional assinado até 2021.
Conforme a Polícia Civil, os três ocupantes do SpaceFox estiveram durante a noite em um bar da Cidade Baixa e dirigiam-se para a Restinga, na zona sul da Capital, quando foram interceptados pelos criminosos. Pouco tempo após o crime, três suspeitos foram presos pela polícia no bairro Medianeira.
Thiago Caetano Silva, Deivison Mauricio de Melo e Marcos Vinicios Rogoski da Costa foram presos em flagrante pelo delegado João César Nazário, do plantão da Delegacia de Homicídios, pelos crimes de homicídio doloso duplamente qualificado, tentativa de homicídio e roubo qualificado — eles estavam em um carro roubado e foram reconhecidos pelo proprietário. Duas pistolas foram apreendidas com o trio.
O diretor de investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Eibert Moreira Neto, confirmou nesta segunda-feira (22) que Wesley e a namorada não teriam relação com o crime. As primeiras investigações da Polícia Civil indicam que o motorista do carro era realmente o alvo dos criminosos. Segundo o delegado, o homem conhecia o casal e fazia transporte de passageiros pela cidade de forma clandestina.
— Ainda estamos apurando se ele estava na festa na Cidade Baixa com o Wesley e a Sara ou se ele apenas estava transportando eles para a Restinga — explicou o delegado.
Os três homens seguem presos e, informalmente, confessaram o crime à polícia.
— Acreditamos que eles queriam matar por vingança— apurou o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, foram mostradas fotos dos presos ao sobrevivente do ataque a tiros, que disse não reconhecer o trio. Em depoimento, o motorista do carro teria dito que foi alvo de uma tentativa de roubo.
*Colaborou Marina Pagno