O presidente Jair Bolsonaro informou nesta terça-feira (2) que uma equipe do governo brasileiro será enviada à Espanha para interrogar o segundo-sargento Manoel Silva Rodrigues, preso com 39 quilos de cocaína.
A iniciativa faz parte de inquérito policial instaurado pelo Comando da Aeronáutica para apurar se o militar tem envolvimento com quadrilhas de tráfico internacional.
Na saída de almoço no Ministério da Defesa, Bolsonaro disse que o governo brasileiro tem fornecido informações para a polícia espanhola e que há a suspeita de que não é a primeira vez que o militar transporta entorpecentes.
— O comandante da FAB (Força Aérea Brasileira) pretende, o mais breve possível, enviar uma equipe nossa para ouvir o sargento lá. E o que ele quer é esclarecer o fato, porque nós achamos, é uma suspeita, que não é a primeira vez que ele mexeu com drogas, tendo em vista a quantidade — disse.
O inquérito militar, instalado na quarta-feira (26), tem prazo de 40 dias, prorrogáveis por mais 20 dias, para concluir a investigação. Nos bastidores, a aposta da cúpula militar é de que o sargento foi pago para transportar o material para a Espanha, onde o entregaria para um grupo criminoso.
O consulado-geral do Brasil em Madri tem prestado assistência consular ao militar, mantendo contato com o acusado e com seus familiares. O governo espanhol também designou um advogado de defesa para ele.
O Comando da Aeronáutica tem se negado a informar, no entanto, se Rodrigues passou por inspeção antes de embarcar em aeronave de apoio da comitiva do presidente. O argumento é de que o tema está sob sigilo por fazer parte da investigação.
O procedimento de segurança adotado pela Força Aérea para missões de traslados prevê vistorias antes do embarque, como a inspeção de passageiros e bagagens.
Segundo relatos de integrantes do governo feitos à reportagem, porém, raramente a tripulação de suporte é submetida a revista policial ou a detectores de metais antes do embarque no Brasil.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, já disse que as Forças Armadas não admitirão que um "criminoso" faça parte delas e que o sargento será julgado sem condescendência tanto pela justiça brasileira como pela espanhola.
— Não vamos admitir criminosos entre nós. Neste caso, houve quebra de confiança e a confiança é própria da cultura militar. Esse lamentável caso é fato isolado no seio dos integrantes das Forças Armadas, que gozam dos mais elevados índices de credibilidade junto à população brasileira — disse.