A apreensão de 39kg de cocaína na bagagem do sargento Manoel Silva Rodrigues, que viajava no avião reserva da presidência da República, foi feita em uma fiscalização de rotina no aeroporto de Sevilha.
Segundo agentes da Guarda Civil espanhola, a grande quantidade de entorpecentes e o fato de a droga não ter sido disfarçada na bagagem indicam que o militar brasileiro provavelmente não contava com a inspeção.
Embora estivessem a bordo de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), de acordo com a polícia espanhola, os membros da delegação não tinham direito à imunidade diplomática. A tripulação foi então sujeita ao mesmo controle dos demais passageiros.
Os responsáveis pela descoberta da cocaína cumpriam um protocolo habitual de verificar com mais atenção os passageiros provenientes das chamadas "rotas quentes" internacionais, que são as viagens conhecidas por serem usadas por traficantes.
O aeródromo de San Pablo, em Sevilha, foi durante vários anos um conhecido ponto de entrada para a droga da América do Sul na Europa. O uso do Brasil como base para o envio de cocaína se intensificou após o aumento da fiscalização de voos provenientes da Colômbia.
Os traficantes costumam se aproveitar da fiscalização menos rigorosas de aeroportos pequenos do Brasil — mas que têm voos diretos para a Europa — para enviar a droga para o continente.
Segundo a imprensa espanhola, Rodrigues desembarcou do avião e tentou sair do aeroporto carregando um trolley de mão azul e uma segunda bolsa, menor, de cor marrom. A droga estaria dividida em 37 embalagens, de pouco mais de 1 kg cada.
Avaliada em quase R$ 6 milhões, a droga tem alto teor de pureza e teria como destino a própria Espanha, que é um dos principais mercados consumidores europeus. A apreensão foi uma das maiores já registradas no aeroporto de Sevilha.
Duas visitas de 10 minutos por semana
Em prisão preventiva por "crimes contra a saúde pública", o sargento Manoel Silva Rodrigues foi transferido para o Centro Prisional Sevilha 1, a menos de 10 minutos do aeroporto da cidade, onde ele foi detido com 39 kg de cocaína.
A notícia da chegada do "militar da comitiva do Bolsonaro", como ele ficou conhecido na região, rapidamente se espalhou entre os detentos e os próprios agentes. O estabelecimento costuma receber presos de menor periculosidade ou que ainda estão detidos em caráter provisório.
Na prisão espanhola, o militar brasileiro terá direito a duas visitas de vinte minutos por semana, além de dez ligações telefônicas de até cinco minutos para números previamente aprovados pela Justiça. O militar deverá dividir cela com mais um preso e terá direito a banho de sol diário.
A administração da penitenciária oferece auxílio para que os detidos estrangeiros consigam entrar em contato com suas respectivas embaixadas e consulados. Algumas ONGs de direitos humanos atuam ajudando na integração dos presos.
Questionada pela reportagem, a embaixada do Brasil em Madrid ainda não informou se está prestando algum tipo de auxílio ao sargento.
Na tarde de quarta-feira (27), o militar foi apresentado a um juiz de instrução do Tribunal Superior Judicial da Andaluzia (TSJA). O magistrado determinou sua prisão, sem direito a fiança. Na sessão, o brasileiro foi representado por um defensor público, com o auxílio de um intérprete para português. O militar permanece à disposição da Justiça espanhola, que investiga o caso como tráfico internacional de drogas.