Preso há quase três anos acusado de cometer um assassinato no bairro Azenha, em Porto Alegre, um jovem foi solto a pedido do promotor Eugênio Paes Amorim durante a sessão do Tribunal do Júri nesta sexta-feira (14), no Foro Central, em Porto Alegre. Amorim recebeu uma informação que indica que Marley da Silva estava preso por um crime que não cometeu.
Embora tenha sido denunciado pelo Ministério Público e reconhecido por testemunhas do crime, que ocorreu em setembro de 2015, Silva se dizia inocente. Mesmo assim, teve a prisão preventiva decretada em julho de 2016 e, desde então, permaneceu preso, aguardando o julgamento. Prestes a pedir a condenação de Silva a 20 anos de prisão, Amorim foi informado por outra pessoa que existia um criminoso que atuava na mesma região e parecido com Marley.
— Eu ia acusar, tudo pronto, ouvimos testemunhas, o réu. Aí me chegou uma informação pessoal, por alguém que eu conheço, de que não era o guri mesmo o autor e que houve uma confusão, um erro. Aí eu pedi diligências, para dissolver o júri e soltar o réu — disse o promotor.
O pedido do promotor foi aceito pela Justiça, que determinou a liberação do réu. Como ele foi denunciado e pronunciado, uma nova sessão de júri será marcada, mas com novas informações e possivelmente com um pedido de Amorim para os jurados absolverem o acusado.
Ao término do júri, Amorim ainda disse que recebeu uma informação sobre o verdadeiro autor do crime.
— É um cara que está preso em Charqueadas, que é grande na facção e é muito semelhante ao guri. É um caso impressionante — completou o promotor.
GaúchaZH tenta contato com o jovem preso e com o defensor público responsável pela defesa dele durante o processo.
O crime
O assassinato pelo qual Silva foi acusado ocorreu no dia 7 de setembro de 2015, na Rua Plácido de Castro, no bairro Azenha. Matheus Luiz Aguiar de Azevedo estava na rua quando os criminosos o executaram pelas costas. A motivação apurada para o crime seria a disputa por pontos de tráfico de drogas, já que Azevedo morava na Vila Conceição, local comandado por rivais de traficantes do condomínio Princesa Isabel.
O irmão de Azevedo também foi atingido, mas sobreviveu ao ataque. Durante o inquérito, imagens de suspeitos foram mostradas a ele, que acabou reconhecendo Marley da Silva.
A prisão no ano seguinte inclusive atrapalhou os planos de Silva, que estava com um intercâmbio previsto para a Alemanha, conforme o promotor.