Os principais indicadores de violência, que incluem homicídios, latrocínios (roubos com morte) e assaltos, apresentaram queda no Rio Grande do Sul no mês de maio. O número de mortes em assaltos, por exemplo, caiu pela metade, assim como os ataques a bancos, em comparação com o mesmo período de 2018. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (13) pela Secretaria da Segurança Pública do Estado.
Os assassinatos também tiveram queda de 17%, com 139 vítimas. Em maio do ano passado, foram 168 pessoas assassinadas no Estado. A SSP contabiliza de forma separada o número de casos e de vítimas de homicídio. Se consideradas as ocorrências (que podem ter mais de uma morte), também há redução de 14%.
Em relação aos latrocínios, houve redução de 50% no Estado. Em maio de 2019, foram quatro casos, enquanto no ano passado foram oito pessoas mortas durante assaltos. Um dos casos gerou protestos por parte dos motoristas de aplicativos na Região Metropolitana. Luis Fernando Rodrigues Dorneles, 41 anos, foi morto no bairro Formoza, em Alvorada, logo após deixar uma passageira. Os criminosos teriam tentado roubar o veículo do motorista, que tentou escapar e acabou alvejado pelos disparos. Segundo o delegado Luis Carlos Rollsing, da 2ª DP, o caso segue sendo investigado.
Em relação aos chamados crimes patrimoniais, os roubos de veículos tiveram queda de 30% no Estado. No ano passado, a média era de 41 veículos roubados por dia no RS, enquanto em maio deste ano essa média fica em 28. Os ataques a bancos tiveram redução de 25 para 12 casos — queda de 52%. Da mesma forma, ocorrências em estabelecimentos comerciais e transportes coletivos também apresentaram diminuição.
Capital reduz homicídios e roubos de veículos
Os dados mostram que a redução no índice de homicídios em Porto Alegre se manteve no mês de maio, em comparação com o ano passado. Foram 22 pessoas assassinadas contra 48 em 2018 — redução de 54%. O comparativo do mês de abril já tinha apresentado queda de 50%, com 29 casos contra 58 ano passado.
Assim como no ano passado, não houve registro de roubo com morte em maio na Capital. Houve ligeiro aumento de 2% nos assaltos, em relação aos 2.529 registrados em maio de 2018. Assim como no Estado, os roubos de veículos também apresentaram queda em Porto Alegre. A redução é de 43%, com 389 casos. A média por dia caiu para 12, enquanto em maio do ano passado era de 22.
Feminicídios aumentam e estupros reduzem
Na contramão dos homicídios, os assassinatos de mulheres por questões de gênero apresentaram alta no Estado no mês de maio. Segundo a SSP, foram 13 feminicídios no RS nesse período. No ano passado foram registrados 10 — aumento de 30%. Em comparação com outros meses do ano, esse apresenta o maior número de casos. Em abril, por exemplo, foram seis feminicídios.
Um dos casos registrados em maio foi o assassinato de Karollaine Silva, 20 anos, que desapareceu de Pelotas, no sul do Estado. A jovem foi encontrada morta nove dias depois no município de Morro Redondo, a 44 quilômetros de onde ela sumiu.
Já os estupros tiveram a redução de 58% em comparação ao mesmo período do ano passado. No entanto, o registro desse tipo de crime em geral não reflete o número de casos reais. Isso porque parte das vítimas não registra o crime, por medo ou vergonha. Houve diminuição no registro de lesões corporais, ameaças e tentativas de feminicídios.
Embora o mês tenha apresentado aumento nos feminicídios, no entendimento da SSP, de maneira geral, há redução na violência contra a mulher, já que, no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, houve queda nos cinco indicadores monitorados.
Para a chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor, a redução nos indicadores reflete a integração entre Polícia Civil e Brigada Militar. Segundo ela, foi ampliada a troca de informações. O programa RS Seguro, que identificou os 18 municípios com maior índice de criminalidade no Estado, também teria contribuído para a baixa nos índices.
— Ações individuais de cada regional foram importantes para essa queda. Há também foco em operações específicas, voltadas aos roubos, por exemplo. No combate aos homicídios realizamos operações como a Contenção, deflagrada em Porto Alegre. Apesar de termos dificuldades no que se refere ao sistema prisional, não deixamos de trabalhar, continuamos investigando e tirando das ruas os autores de crimes — afirma a delegada.
Sobre o aumento nos feminicídios, Nadine explica que a Polícia Civil tem realizado ações para aumentar a proteção das mulheres que procuram as autoridades. A delegada enfatiza que, nesse tipo de crime, a mulher é morta por menosprezo, e nem sempre o autor é o marido, o companheiro ou algum familiar da vítima.
— Temos feito ações específicas, pois muitas vítimas sequer pediram ajuda ao Estado. Entretanto, eu não diria que os indicadores subiram, pois há alguns anos não fazíamos essa leitura, não se falava sobre isso e as mulheres morriam da mesma forma — salienta.
Segundo o comandante da Brigada Militar no RS, o coronel Mário Ikeda, o apoio e a disposição dos servidores têm influenciado significativamente nos resultados.
— Todos estão focados na sua missão, em um trabalho contínuo. Felizmente, os indicadores vêm reduzindo gradativamente, e isso se deve à integração entre os órgãos e aos setores de inteligência na análise criminal — afirma.