A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que as duas mulheres presas por receptação e liberadas após pagarem fiança, no sábado (11), em Campinas das Missões, possam ter ajudado um dos criminosos que atacaram a agência do Banco do Brasil em Porto Xavier, no final de abril, a fugir do cerco montado na região. As duas foram presas com R$ 29,02 mil que teriam sido roubados do banco.
As mulheres, que são mãe e filha e não tiveram os nomes divulgados, foram detidas pela Brigada Militar depois que uma delas sofreu uma abordagem ao chegar de carro em casa. Os PMs haviam recebido informações de que ela estaria realizando compras de alto valor e pagando os produtos com notas úmidas e sujas.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, a residência delas fica quase em frente ao local onde um dos carros usados pela quadrilha que atacou o banco foi localizado. Na abordagem, os policiais encontraram no veículo da suspeita cerca de R$ 1,15 mil em compras e uma bolsinha com dinheiro.
A mulher, então, teria admitido que havia mais de R$ 20 mil dentro da residência. Autorizados a entrar na casa, em revista, os PMs teriam localizado, além de R$ 20 mil, um revólver calibre 38, cujo registro está vencido há cinco anos.
A outra suspeita estava no local e também foi autuada. Um homem, que seria pai de uma delas e avô da outra, chegou a ser detido e levado à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Santa Rosa, mas foi ouvido na condição de testemunha e solto logo depois.
As duas mulheres pagaram cerca de R$ 5 mil em fianças para serem liberadas. A dupla foi indiciada por receptação, mas a Polícia Civil acredita que elas possam ter uma participação maior no caso do que apenas terem achado o dinheiro.
— Uma delas disse que teria achado o dinheiro em um campo, mas acreditamos que elas possam ter tirado um dos criminosos do cerco — afirma o delegado Heleno dos Santos.
A polícia realiza novas buscas na casa neste domingo.
Cinco presos, um morto e um foragido
Até o momento, cinco suspeitos de participar do roubo foram presos, um morreu em confronto e outro foi encontrado morto. Um dos assaltantes segue foragido.
O soldado da BM Fabiano Heck Lunkes, 34 anos, morreu durante o cerco aos criminosos após ser baleado com um tiro de fuzil. Ele deixou esposa e um filho de quatro anos.
Quem são os envolvidos
Delci Engers, 59 anos
Três dias após o assalto, no sábado, dia 27 de abril, foram capturados três suspeitos do crime, entre eles o policial militar aposentado. O sítio do sargento da reserva, segundo a Polícia Civil, teria sido usado para planejar o crime e também como esconderijo do bando antes de o assalto ser cometido. Engers também teria sido responsável por fazer o levantamento nas proximidades do banco antes do crime. Levado à Delegacia de Polícia, o militar se manteve em silêncio.
Ivo Zimmer, 57 anos
Foi preso na propriedade do policial militar da reserva, onde o grupo teria planejado o crime. Ele é apontado como um dos que teria prestado apoio logístico ao bando. A identificação dele, assim como do sargento aposentado, foi possível a partir da prisão de um primeiro suspeito.
Flávio Rogério Oliveira, 53 anos
Morador de Gravataí, na Região Metropolitana, foi detido em uma praça em Porto Lucena. Ele foi até o município de ônibus, desceu na rodoviária e tentou comprar alimentos e remédios. Neste momento, a BM foi acionada. Aos policiais, segundo o delegado Santos, confessou informalmente participação no crime.
Aleixo Gustavo Zelinski, 24 anos
O quarto preso negociou sua apresentação à polícia por meio de uma advogada e se entregou há uma semana, na segunda-feira, dia 29. Zelinski era conhecido da polícia e estava entre os suspeitos investigados, segundo a Polícia Civil. O delegado Heleno dos Santos afirmou que o preso colaborou com "informações impactantes" para a investigação.
Ezequiel Martim de Souza, 32 anos
No dia 28, um domingo, houve novo confronto e um suspeito de envolvimento no assalto foi morto durante troca de tiros com policiais. Souza teria tentado furar o cerco no fim da manhã. Com ele, foi apreendido um fuzil, mas há suspeita de que o grupo tenha mais armamentos.
Luciano Aguilar de Mattos, 43 anos
Também é apontado como integrante do bando que assaltou a agência e foi preso na última quarta-feira (8). Lucianinho, como é conhecido, é natural de Porto Lucena, também na Região Noroeste, mas seria morador da Região Metropolitana.
Ezequiel David Trindade, 30 anos
O único ainda foragido é apontado pela Polícia Civil como autor do disparo que matou o soldado da BM. Ele escapou da prisão em fevereiro: foi um dos três que fugiram do Presídio Estadual de Cruz Alta. Condenado a 32 anos de prisão por crimes como assalto e porte de arma, Trindade, que é natural de Erechim, na Região Norte, estava no regime semiaberto.