A Polícia Civil aguarda receber um laudo médico que comprove os problemas psiquiátricos da universitária que disse ter sido roubada e estuprada em Santa Maria para decidir se irá ou não indiciá-la por ter inventado a história. Conforme a delegada responsável pelo caso, Elizabete Shimomura, tudo indica que se trata de uma falsa comunicação de crime.
Na manhã desta segunda-feira (22), a polícia recebeu um e-mail formal da faculdade onde a mulher de 38 anos está matriculada, que confirma que ela não esteve presente nas atividades na data do crime, que supostamente teria ocorrido entre a noite de 15 e a madrugada de 16 de abril.
A mãe da mulher prestou depoimento aos policiais, dizendo que a filha tem um transtorno que a faz inventar histórias, desde criança. A mãe disse que a mulher está em tratamento desde a adolescência, inclusive com medicação, e que, até o momento, nenhuma das mentiras havia causado problemas maiores.
No dia em que a universitária fez a denúncia do crime, a mãe estava junto enquanto ela era ouvida pelos policiais. A mãe disse para a delegada que desconfiou da história e até pensou em alertar a polícia de que poderia ser uma mentira, mas não tinha certeza e, por isso, não disse nada. Ela também ficou preocupada porque a história tomou uma proporção maior que o esperado e, por isso, não quis desmentir a filha.
Conforme a delegada, há inconsistências na história contada. Através do extrato bancário, foi comprovado que o saque que a universitária disse ter feito, para entregar aos supostos bandidos, não existiu. A universitária não foi na faculdade no dia 15, mas, segundo a mãe, saiu de casa no horário normal para ir para a aula, durante a noite. Por volta da 1h do dia 16,a mãe acordou e percebeu que a filha ainda não estava em casa. Ela ligou para a filha diversas vezes, mas a mulher não atendeu. Momentos depois, a filha mandou uma mensagem dizendo que estava bem e logo chegava em casa, mas estava com dois pneus do carro furados. Mais tarde, a universitária entrou em contato com um familiar, que é policial, dizendo que tinha sido estuprada. A Brigada Militar foi acionada a partir deste familiar da mulher.
A universitária foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento, no bairro Perpétuo Socorro, para ser medicada, e depois para o DML, onde passou por exames. A delegada afirma que a mulher passou por um exame que comprova se houve relação sexual mas, ao contrário do que chegou a ser divulgado, o resultado ainda não foi obtido.
Depois de ter sido ouvida pela primeira vez, a mulher não voltou mais a falar com a delegada. Ela havia sido intimada a depor na quarta-feira (17), mas não compareceu. Na quinta-feira (18) ela aguardava um leito na ala psiquiátrica de um hospital. A mãe da universitária disse que a filha chegou a ser atendida por uma psiquiatra e, para a médica, confessou ter inventado a história.