A estudante Quelly Mileny, 16 anos, foi uma das sobreviventes do atentado à Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, escondendo-se com outros colegas na despensa do colégio.
— A gente estava indo merendar no refeitório, quando ouviu os tiros. No segundo tiro, a gente saiu correndo, e o lugar mais perto era a cozinha. Da cozinha, as tias nos colocaram no armazenamento de alimentos — contou.
Quelly disse que havia pelo menos 30 alunos no local e que ficaram escondidos por cerca de 15 minutos.
— Tinha gente até embaixo da mesa.
Segundo a estudante, o grupo ligou para a polícia e para os pais, tentando avisar o que estava acontecendo na escola.
— Ficamos ali esperando até que a porta foi aberta. A gente achou que eram os atiradores, mas era a polícia — relatou.
Ao lado da mãe, Quelly disse estar assustada, mas também aliviada.
— Foi só Deus. Dali, eu nem via muita saída. Pensava: "Daqui a pouco eles vão entrar aqui porque sabem que tá todo mundo aqui". Comecei a orar, pedir a Deus e foi só ele para poder me livrar dali — lembrou.
Aluna do 2º ano Ensino Médio, Quelly aguardava na porta da escola, no início desta tarde, por notícias de colegas que poderiam ter sido atingidos pelos tiros.
— Eu tenho um amigo bem próximo que estava na entrada da secretaria. Estou muito preocupada porque dali não tinha muito como ele correr — disse.
Os dois atiradores, Luiz Henrique de Castro, 25 anos, e Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, chegaram à escola por volta das 9h30min da manhã desta quarta, durante o intervalo das aulas, e atiraram contra funcionários e estudantes, deixando oito mortos. Após o crime, os dois cometeram suicídio.