O engenheiro Vinicius Umezu foi à Escola Estadual Professor Raul Brasil na manhã de terça-feira (19) para dar apoio aos estudantes que participaram do primeiro dia de atividades abertas de acolhimento na instituição, atacada por dois ex-alunos armados em 13 de março. Ele é um dos filhos da coordenadora escolar Marilena Umezu, 59 anos, uma das oito pessoas mortas no massacre ocorrido em Suzano, cidade da Grande São Paulo.
— A nossa intenção foi dar um apoio, porque nós sentimos muito dó das crianças que estavam lá. Inclusive no velório da minha mãe, eu conversei com várias crianças tentando dar o maior apoio possível para que elas não desistam. Acho que, mostrando a nossa imagem, mostrando que nós, que perdemos a nossa mães, estamos lá junto com eles, poderia dar uma força maior. A nossa maior esperança, e com certeza era da minha mãe também, é que as crianças continuem no caminho do bem — disse.
Umezu e demais familiares devem participar da missa de sétimo dia da coordenadora na noite desta quarta-feira (20).
— O feedback está sendo totalmente positivo. Cada pessoa de quem a gente ganha um abraço faz um elogio diferente, conta de como era a minha mãe. Até o momento, a quantidade de manifestações de apoio, de toda parte, sempre elogiando, falando que a minha mãe era uma pessoa diferente. Minha família fica muito feliz com esse tipo de apoio. Foi uma tragédia, foi, mas a família — acho que até pela preparação que a minha mãe deu para nós — é forte para seguir lutando, não desistir. Porque eu acho que ela não ficaria feliz se, nesse momento, nós desistíssemos de tudo — revela.
O engenheiro conta que a Raul Brasil foi a primeira escola em que Marilena trabalhou após ter se formado em Filosofia há menos de 10 anos.
— Ela tinha só até a quinta série. Em 2005, ela resolveu fazer supletivo. Aí ela fez o ensino fundamental, o ensino médio, entrou para a faculdade em 2007 e se formou no final de 2009. Aí que começou a trabalhar, com quase 50 anos. Foi um evento para nós — conta.
De acordo com o filho da coordenadora, o sonho da mãe era estudar:
— Acho que essa situação de virar professora e chegar na coordenação — e agora ela estava fazendo outra faculdade, de Pedagogia — foi uma consequência. Mas o sonho dela era de terminar os estudos. Só que para isso, antes de pensar nela, ela pensou nos três filhos. E ela conseguiu, ela venceu.
Sobre o rapaz que teria participado do planejamento dos ataques, Umezu diz que espera que ele responda criminalmente:
— Não deve ser tratado como criança. Acho que, com essa idade, já sabe muito bem o que está fazendo. Em nenhum momento, até agora, a gente teve raiva das pessoas que fizeram, raiva das famílias dessas pessoas. Mas o que eu particularmente penso é que criança ele não é. Então, a acho que deveriam olhar de uma maneira diferente.