Um velho problema voltou a afetar o trabalho das polícias Civil e Militar na Região Metropolitana. Com falta de vagas no sistema prisional, em efeito cascata, carceragens de delegacias e viaturas voltaram a abrigar presos. Na tarde desta segunda-feira (18), havia 79 detidos em DPs, enquanto que seis veículos policiais abrigavam cerca de 10 homens em frente à 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (2ª DPPA), no Palácio da Polícia.
O problema, de acordo com PMs, voltou a afetar o policiamento na última sexta-feira (15). Desde então, viaturas estão sendo deixadas fora das rondas e passaram a ser usadas como celas improvisadas. Cada uma, abrigando um ou dois presos. Para escoltá-los, PMs se revezam, conforme a escala de trabalho. No meio da tarde desta segunda-feira (18), entre os que aguardavam para o registro de ocorrências e os que guarneciam veículos com detidos, havia 15 na 2ª DPPA.
— Isso faz com que áreas fiquem descobertas — diz um policial, que pediu para não ser identificado.
Outro PM destaca os riscos do trabalho improvisado.
— Por enquanto, não tem ninguém ligado aos grupos, mas qualquer hora entra um de embolamento (integrante de facção), aí será perigoso para ele e para nós — afirma.
Detido em um dos veículos da BM desde as 4h de sábado, um jovem afirma que vem sofrendo consequências com as más condições de aprisionamento.
— Ontem (domingo), eu tive uma convulsão. O calor estava muito forte — diz o homem que, aproveitando uma ida ao banheiro, molhou a cabeça e o corpo com água.
Na carceragem, havia 14 presos, enquanto que outros cinco aguardavam em uma sala de espera.
— Eu fui pego porque esqueci de carregar a tornozeleira (eletrônica). Agora, tenho que aguardar aqui por uma vaga em presídio para pagar um castigo de 30 dias no regime fechado — alega outro detido.
— É uma atuação complicada. Tem preso que já está indo para o terceiro dia aqui — diz outro policial.
A diretora do Departamento de Polícia Metropolitano (DPM), delegada Adriana Regina da Costa, afirma que o problema tem sido cíclico e que, desta vez, não foi tão grave, se comparado a situações em que as carceragens da Região Metropolitana já abrigaram, no total, mais de 300 presos.
— Tem melhorado em relação a anos anteriores. Temos um grupo, juntamente com a Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários), que vai nos comunicando sobre a abertura de vagas no sistema. E conforme elas vão surgindo, os presos vão sendo encaminhados — explica.