A 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hambugo abriu nesta segunda-feira (14) inquérito para apurar um fato inusitado e que mobilizou vários agentes, principalmente na Região Metropolitana. Após um enfermeiro do Hospital Municipal ter o carro furtado no estacionamento da própria instituição e da suspeita de estar sendo extorquido pelos ladrões, a polícia foi comunicada por amigos de profissão de que o colega teria sido baleado e morto na noite de domingo (13). Havia, inclusive, fotos do crime.
Durante buscas e investigações na manhã desta segunda-feira (14), os agentes descobriram que tudo não passava de brincadeira da suposta vítima após encontro entre amigos. A delegada Michele Arigony, responsável pelo caso, diz que a atitude do enfermeiro preocupou amigos e familiares dele, mobilizou agentes de segurança e despendeu recursos do Estado.
Ele (enfermeiro) disse que tinha bebido e resolveu fazer a brincadeira por meio de fotos pelo WhatsApp. Os amigos, preocupados, relacionaram os fatos e procuraram a polícia. O problema é que as fotos viralizaram e a brincadeira de mau gosto mobilizou boa parte da polícia.
MICHELE ARIGONY
Delegada da Polícia Civil em Novo Hamburgo
Ela investiga o furto do veículo, mas apura também falsa comunicação de crime em relação ao suposto assassinato. Michele ressalta que a polícia foi procurada pelos amigos que receberam as fotos da vítima como se estivesse morta após ser alvejada duas vezes no peito. A informação inicial era de que o homem teria ido ao bairro Santo Afonso procurar criminosos que prometeram devolver o carro furtado mediante pagamento de dinheiro.
Segundo ocorrência registrada no domingo, o funcionário do hospital teve o carro levado dentro do estacionamento enquanto trabalhava, inclusive as chaves do veículo foram furtadas do armário dele. Depois, ele e familiares confirmaram que receberam ligações de pessoas dizendo que devolveriam o carro se fossem pagos valores entre R$ 2 mil e R$ 3 mil.
À polícia, homem confessou simulação
O enfermeiro esteve de plantão de sábado para domingo e o furto do veículo teria ocorrido por volta da 1h de domingo, sendo percebido por volta das 4h. O registro foi feito na manhã de domingo, as extorsões teriam ocorrido logo depois e, durante o fim da tarde, o funcionário se encontrou com amigos para uma confraternização.
— Ele disse que tinha bebido e resolveu fazer a brincadeira por meio de fotos pelo WhatsApp. Os amigos preocupados com toda a situação que ele estava passando, relacionaram os fatos e procuraram a polícia. O problema é que as fotos viralizaram em grupos e a brincadeira de mau gosto mobilizou boa parte da polícia — ressalta Michele.
A delegada diz que foi cogitado que ladrões haviam matado o enfermeiro e que depois fizeram as fotos para enviar aos amigos pelo telefone dele. Michele destaca ainda que amigos, familiares e a polícia só souberam que tudo não passava de uma brincadeira após uma equipe, em buscas na manhã desta segunda-feira, ter encontrado a suposta vítima de assassinato dormindo na casa da mãe, em Esteio.
Ele confessou que simulou a situação de crime apenas para brincar com os amigos, que estava alcoolizado quando fez isso e que não imaginava tamanha repercussão do fato.
GaúchaZH tentou contato com o advogado do enfermeiro e aguarda retorno. A delegada Michele lembra que a polícia sempre deve ser acionada quando houver algum caso de extorsão e que é grande o risco de uma vítima negociar com criminosos. Sobre a simulação, a policial ressalta que, em casos de falsa comunicação de crime, a pessoa investigada pode ser presa de um a seis meses, além de ter de pagar multa.
Sindicância
A assessoria de imprensa do Hospital Municipal de Novo Hamburgo informou que a direção da instituição abriu sindicância para apurar o furto do veículo dentro do estacionamento. Diretores já foram procurados pela polícia, que também analisa imagens de câmeras de segurança para confirmar se o veículo foi mesmo levado por ladrões.
Sobre a brincadeira de que o funcionário teria sido executado por criminosos, a direção vai aguardar a elucidação do caso pela 1ª DP para decidir que providências podem ser tomadas, caso sejam necessárias.
Conforme a advogada Michele Pereira, que defende o enfermeiro, ele pensou em fazer uma brincadeira em família, mas, acidentalmente, teria enviado as fotos para outras pessoas.