As histórias de violência contra motoristas de aplicativo não são difíceis de se achar. Nesta segunda-feira (14), prestes a sair para uma mobilização que parou Porto Alegre - um condutor mostra as facadas que levou num assalto na semana passada, quando entrou em luta corporal com o criminoso. Ainda se recuperando e com pontos visíveis no braço e no peito, o gesseiro Leandro Saccol Fonseca, 43 anos, decidiu participar da protesto.
—Se a gente não levantar bandeira, quem vai levantar por nós? — entende o motorista.
Colega de volante, Márcio Oliveira, 36 anos, já soma seis assaltos em dois anos como motorista de aplicativo. Há duas semanas, tinha acabado de deixar um passageiro e aceitou outra corrida quando estava na Vila Mapa, na Zona Leste. A chamada foi realizada por uma mulher, mas ao chegar ao ponto de partida se deparou com dois homens.
— Um deles saltou para cima do carro. Vi que era assalto. Toquei o carro para cima do criminoso. Não fiquei ali.
Na fuga, o motorista encontrou uma viatura da Força Nacional e acabou voltando para o local do crime. O assaltante que foi atropelado ainda estava ali e foi preso. Na primeira vez que foi assaltado, tinha terminado uma corrida no bairro Quinta do Pontal. O GPS ficou sem sinal e o motorista acabou não encontrando a saída. No caminho, foi parado após três disparos contra o carro que quebraram o vidro traseiro.
Na paralisação desta segunda, Também não é difícil encontrar vítimas de assaltos que encontraram alternativas para não perder o patrimônio. Alvo de criminosos por três vezes, Rudimar Bandeira de Aguiar, 52 anos, conta que já utilizou um bloqueador para impedir que o carro levado seguisse viagem.
— Eu completei viagem. O assaltante me deu R$ 100 para pagar a corrida e anunciou o assalto. Deixei ele andar com o carro e acionei o bloqueador. Depois encontrei o veículo.
Para o motorista, participar do protesto significa deixar à mostra que a categoria está insatisfeita.
— Hoje os motoristas viraram produto de mercado para os criminosos. Basta escolher.
Protesto provocou engarrafamento
Os motoristas partiram do Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa, e seguiram em direção à rodoviária, onde as paradas de ônibus estavam lotadas. Dali partiram para a Avenida Sertório e seguiram o percurso. Segundo Joe Moraes, presidente da Associação Liga dos Motoristas por Aplicativos (Alma), a intenção do grupo é passar pelas sedes das empresas de aplicativos.
Procurada, a Brigada Militar não passou estimativa de participantes.