Em meio a uma onda de violência desencadeada por facções criminosas insatisfeitas com endurecimento na segurança pública, a polícia do Ceará apreendeu cerca de 5 toneladas de explosivos, munições calibre 12 e drogas em um depósito clandestino no bairro Jangurussu, em Fortaleza, neste sábado (12). Cinco pessoas foram presas e um adolescente foi apreendido na operação. O grupo criminoso é suspeito de envolvimento com os atos ocorridos na capital.
O secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, disse que o material será submetido a um cromatógrafo para confirmar a natureza da carga e para identificar a relação com os artefatos utilizados nos ataques.
— Não podemos afirmar categoricamente, mas a linha de investigação toda leva a crer que seriam explosivos que poderiam ser utilizados em ações criminosas. Não podemos bater o martelo porque depende do trabalho pericial — afirmou.
Os explosivos fazem parte de uma carga roubada no dia 21 de dezembro, que vinha sendo procurado pela Polícia Civil.
Além do depósito clandestino, a polícia tinha mandado de apreensão em outros seis endereços suspeitos também no Jangurussu, inclusive em casas do bairro. Nos locais, foram apreendidos ainda dinheiro e munições.
Medo toma conta do Ceará
A rotina de Fortaleza, com 2,6 milhões de habitantes, é de medo desde o início de 2019. Há uma onda de vandalismo liderada por facções criminosas insatisfeitas com medidas de endurecimento do sistema penitenciário local. O aumento do rigor nas prisões é defendido pelo governador Camilo Santana (PT), que ordenou a retirada de tomadas elétricas nas celas, para evitar o uso de celulares.
Comerciantes da periferia receberam ordens de fechar as portas mais cedo. A circulação dos ônibus da cidade foi afetadada, com corte de até 30% da frota. Estudantes e trabalhadores que têm atividades nos municípios vizinhos precisaram se reorganizar para garantir a própria segurança.
Mas não foram só os moradores que tiveram de se adaptar. Por ano, o Estado recebe 3 milhões de turistas, muitos de fora do país. Há visitantes que, com a viagem planejada há tempos, decidiram manter o passeio. Mas evitam sair à noite ou circular de ônibus e não se afastam da orla da Beira-Mar, o cartão-postal da cidade.
Em resposta aos atos de vandalismo, mais policiais foram levados às ruas. A PM chegou a atuar para garantir serviços essenciais, como transporte público e coleta de lixo.
Na madrugada deste sábado, criminosos derrubaram uma torre de transmissão de energia elétrica em Maracanaú, na região metropolitana. Em Fortaleza, uma concessionária na Avenida Washington Soares foi atingida por um artefato explosivo.
Com a gravidade da crise, o Estado recorreu ao ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, que enviou mais de 400 agentes da Força Nacional. A chegada da tropa federal, na semana passada, reduziu o número de ocorrências, mas ainda não conseguiu acabar com elas. No total, 330 suspeitos, incluindo adolescentes, foram detidos pelos crimes.