O bairro Belém Novo, na zona sul de Porto Alegre, registra em 2018 um aumento de 62,5% no número de vítimas de assassinatos. Para a polícia, uma das explicações para o aumento nos homicídios no bairro está na rivalidade entre duas facções rivais que disputam a região. Uma delas seria financiada por criminosos do bairro vizinho: a Restinga — segundo em número de homicídios da Capital, com 325 mortes nos últimos sete anos, atrás apenas de Rubem Berta, com 525.
Segundo o delegado Eibert Moreira, da especializada em homicídios responsável pela região, a situação preocupa a polícia:
— Neste ano, esta região incomodou mais que a Restinga.
Para conter os homicídios, o delegado chegou a designar uma equipe de agentes para prender os três mais procurados. Dois deles são irmãos: Rainer Ernesto Borges, 34 anos, e Israel Ernesto Borges, 22 anos. A dupla já foi indiciada por cometer crimes no bairro Belém Novo, alguns deles em conjunto.
Da lista dos mais procurados, apenas Rainer não foi preso. Considerado líder do grupo, foi indiciado por ter cometido seis assassinatos entre abril de 2013 e setembro deste ano. Também responde por outros dois homicídios em anos anteriores. Conforme o delegado, buscas foram feitas na região, mas ele não foi localizado. Os agentes encontram dificuldades de localizá-lo pela característica rural do bairro.
— As vilas são encrustadas em áreas verdes, o que dificulta bastante as prisões. Mas os agentes têm sido bastante incisivos. Pelo que se sabe ele se esconde no mato _ reforça.
Em quatro dos crimes cometidos por Rainer, houve ajuda do irmão, Israel. Dois deles ocorrem neste ano. Em um dos casos foi morto um rival e noutro um comparsa que decidiu deixar o grupo para "trabalhar" com o tio. Israel foi preso em fevereiro na casa de sua mãe no bairro Restinga. Mas a prisão dele não parou a matança. Segundo Eibert, há provas que indiquem que Israel tem ordenado mortes de dentro do Central, por telefone. O homem tem envolvimento em sete homicídios.
Outro irmão da dupla, Diego da Mota Ernesto, 27 anos, também é investigado por atuação no grupo, ligado à venda de entorpecentes. Ele também está no Central por envolvimento em tráfico de drogas e porte de armas.
— Esses caras são os principais causadores desses homicídios. Estão sempre envolvidos — salienta o delegado.
Desde o final de 2017, a especializada em assassinatos já indiciou 19 criminosos — quatro deles são adolescentes e responderam como ato infracional. Do total, dois acabaram mortos.
.Disque-denúnciareportagem, o comandante do 21º Batalhão de Polícia Militar, Macarthur Vilanova contestou os dados e afirmou que não houve aumento nos homicídios na região, sem dar detalhes. Em seguida, desligou o telefone.
Disque-denúncia
Para tentar localizar Rainer Ernesto Borges, a polícia pede ajuda da população. Informações podem ser repassadas pelo disque-denúncia no número 0800-642-0121.