A Polícia Civil realiza uma grande operação na manhã desta segunda-feira (10) no bairro Rubem Berta, zona norte de Porto Alegre, contra tráfico de drogas e homicídios. O principal objetivo da ação é atacar uma facção criminosa que se instalou no condomínio Fernando Ferrari e passou a controlar o local.
Cerca de 150 policiais cumpriram 45 mandados judiciais, sendo 21 de prisão e 24 de busca e apreensão. Até as 11h, foram presas oito pessoas - outras seis haviam sido detidas durante a investigação.
De acordo com a apuração, além de traficar drogas e usar apartamentos para guardar entorpecentes e armas, o grupo realizava festas sem o consenso dos moradores, que passaram a ser ameaçados ou até mesmo expulsos. Pelo menos desde o ano passado, os criminosos passaram a se instalar no conjunto residencial e controlavam todos os acessos, monitorando ainda rivais e a polícia.
Houve uma guerra do tráfico na região, incluindo as Vilas Chimarrão e Capadócia. Neste ano, foram nove assassinatos registrados e apurados pela polícia decorrentes da disputa por pontos de venda de drogas.
Investigação
Após a investigação de 10 meses da 2ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) e da 3ª Delegacia de Homicídios, foi instaurado inquérito pelos delegados Thiago Lacerda, do Denarc, e Cassiano Cabral, da Homicídios. Eles confirmaram que o condomínio era controlado por traficantes, que atacaram criminosos de outra facção.
— A facção reunia várias pessoas e, a partir do condomínio Fernando Ferrari, saíam para atacar rivais. Eram grupos de até 20 pessoas — ressalta Cabral.
Conforme a polícia, após assumir a venda de drogas na região – incluindo vilas próximas –, o grupo transformou o conjunto residencial em uma "fortaleza do tráfico". Segundo Lacerda, os traficantes escolhiam os apartamentos que queriam e expulsaram moradores sob ameaças de morte.
— Esses traficantes guardavam drogas e armas no condomínio, mantinham olheiros monitorando as ações das polícias e qualquer tipo de movimentação de outros traficantes. A maioria das pessoas é absolutamente do bem e, dessa forma, eram atormentadas pelos criminosos — diz Lacerda.
Os suspeitos realizavam ainda bailes funk no condomínio, ocasiões em que alguns integrantes levavam armas, promoviam tumultos e transformavam o evento em um enorme ponto de venda e consumo de drogas.
Durante o período de investigação, diversas ações pontuais foram realizadas no Rubem Berta para prender traficantes e responsáveis por homicídios. Ao todo, seis pessoas foram detidas desde março deste ano, além da apreensão de entorpecentes e armamento.