A violência voltou a fechar as portas de um posto de saúde em Porto Alegre. O assalto à unidade Domênico Feoli, no bairro Rubem Berta, na Zona Norte, na tarde de sexta-feira (23), fez com que fossem interrompidos os atendimentos por pelo menos três dias. Esta é a 82ª vez que a criminalidade prejudica pacientes este ano na Capital – o que representa um fechamento a cada quatro dias.
Na manhã desta terça-feira (26), quem ia até a unidade de saúde encontrava as portas fechadas. O mesmo aconteceu no sábado, dia em que estava programado um evento de conscientização sobre câncer de próstata, que acabou não ocorrendo. No local, um cartaz avisava quem chegava ali: “evento cancelado. Motivo: assalto à mão armada com agressão a funcionários”.
O comerciante José Luis da Silva, 53 anos, era um dos interessados em participar. Ele voltou à unidade ontem, mas deparou com as portas fechadas.
— Queria resolver um problema meio urgente e agora não sei o que fazer – preocupava-se.
O morador do Rubem Berta Luis Miranda, 53 anos, foi até a unidade para medir a pressão arterial, mas não conseguiu. A primeira informação era de que o posto abriria na tarde dessa segunda-feira (26) e, por isso, o homem foi embora prometendo voltar mais tarde. Depois, soube que o prazo de fechamento foi prorrogado até quarta-feira.
— Foram eles mesmo que pediram para voltarmos hoje (segunda-feira) e agora encontro tudo fechado — salienta Miranda.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o fechamento afetou 5 mil pessoas cadastradas no posto – o número exato de pacientes que seriam atendidos não foi divulgado. Segundo o órgão, pacientes estão sendo remanejados para outras unidades de saúde próximas.
Ladrões fingiram ser pacientes
A Polícia Civil tenta identificar os dois homens que realizaram o assalto. Duas pacientes e um enfermeiro estavam no local e tiveram pertences levados. O servidor chegou a ser agredido com um soco por um dos assaltantes.
Conforme o chefe da investigação da 18ª Delegacia de Polícia, Paulo Ricardo Ramos Leite, dois homens chegaram de motocicleta. Passando-se por pacientes, pediram preservativos e deixaram o local. Em seguida, voltaram para anunciar o assalto. A polícia não detalhou as circunstâncias que antecederam a agressão ao funcionário, que já foi ouvido.
Os ladrões estavam armados e não usaram máscara ou boné para cobrir os rostos. No posto de saúde não há câmeras de segurança, o que dificulta a identificação dos assaltantes.
Caso recente
Há pouco mais de um mês, um assalto fechou as portas da Unidade de Saúde Barão de Bagé, no bairro Vila Jardim, na Zona Norte, por quase uma semana, deixando mais de mil pessoas sem atendimento. Em comum com o caso de sexta-feira, o fato de o roubo ter acontecido em plena luz do dia, enquanto o posto prestava atendimento a pacientes. Assim como na última sexta-feira, também houve agressão de funcionários.
O crime aconteceu em 24 de outubro. Três criminosos armados invadiram o posto de saúde, roubaram pertences de funcionários e de pessoas que aguardavam atendimento no local. Um veículo também foi levado na ação. Uma funcionária foi agredida pelos bandidos.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 82 unidades foram fechadas de janeiro a 26 de novembro deste ano – a pasta não informa em quais das 140 unidades da Capital foi necessário interromper o atendimento por causa da violência. Em novembro, foram sete casos.