Familiares de Daiane da Silva Martins, encontrada morta na noite da última segunda-feira (26) na cidade de São João Batista, em Santa Catarina, ainda não acreditam na tragédia que tirou a vida da gaúcha de 27 anos. As lembranças da jovem, considerada carinhosa e alegre pelos amigos e pela família, estão na memória daqueles que com ela conviveram. O corpo de Daiane foi sepultado na tarde desta quarta-feira (28), na cidade de Sapucaia do Sul. A suspeita é de que o autor do crime seja o companheiro, Cléber Machado Camargo, 30 anos, que teria cometido suicídio em seguida.
O tio da vítima, Jadir de Moura Martins, de 47 anos, se recorda com carinho da sobrinha. Irmão do pai de Daiane, Jadir hoje vive no município de Itapejara do Oeste, no Paraná. Apesar da distância, sempre manteve contato com Daiane, que atualmente morava no estado vizinho.
— Lembro até hoje do dia em que ela nasceu, em São Leopoldo, minha primeira sobrinha, nossa boneca. Ela era muito amada, uma pessoa muito querida, era muito carinhosa com os tios, com os filhos, com o próprio marido. A gente teve uma surpresa ruim, nunca imaginávamos que aconteceria uma coisa dessas — lamentou.
Segundo Jadir, há cerca de um ano Daiane recebeu uma proposta para trabalhar em São João Batista, em uma gráfica. Como os filhos estavam cursando o período letivo em uma escola de São Leopoldo, ela decidiu adiar a mudança, e sugeriu à mãe que fosse antes dela morar no município. Em seguida, com o término das aulas, também foi morar em Santa Catarina, com o companheiro.
Antes de iniciar o relacionamento com Cléber, Daiane havia sido casada com outro homem, com quem teve quatro filhos, que têm entre 4 e 12 anos. De acordo com Jadir, a sobrinha e o atual companheiro estavam passando por uma crise no relacionamento, e chegaram a se separar, mas logo reataram.
— Pelo que eu sei ele tinha bastante ciúme dela, pois era uma moça bonita. Pelas fotos que eles postavam nas redes sociais parecia que eram apaixonados e estava tudo bem. Um dia, o irmão dela comentou comigo que o Cléber disse que, se tivesse que se separar da Daiane, iria se matar — lembrou.
A morte de Daiane não foi a primeira tragédia vivenciada pela família Martins. Jair conta que, aos 15 anos, seu pai (avô de Daiane) foi assassinado, e há dois anos e meio perdeu um filho (primo de Daiane), também assassinado.
—É triste demais. Será que é justo a gente passar por isso tudo? — questionou.
O crime
Daiane foi encontrada morta dentro de casa, em São João Batista (SC), na noite de segunda-feira (26). A Polícia Civil suspeita de que a jovem tenha sido asfixiada, mas aguarda a perícia para confirmar a causa da morte. De acordo com o delegado Vinícius Benedet Brandão, as autoridades chegaram ao local do crime após um caminhoneiro acionar a polícia afirmando que uma pessoa teria se jogado no seu veículo na SC-410. O pedestre foi identificado como Cléber Machado Camargo, companheiro de Daiane.
Policiais foram até a casa de Cléber para avisar a família sobre a morte, mas tiveram que arrombar a porta, que estava trancada. Ao entrar no local, encontraram Daiane morta, sem roupas, na cama do casal. Os agentes localizaram o celular dela e uma carta escrita por Cléber.
— Tudo indica que ele tirou a vida da companheira e depois se jogou em frente ao caminhão, cometendo o suicídio. Esta é a linha inicial de investigação, mas outras possibilidades podem surgir — afirmou o delegado.