Investigadores da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) buscam imagens de câmeras que possam ter flagrado a morte de um homem a facadas no Centro de Porto Alegre, no final da tarde de terça-feira (31). As gravações podem auxiliar na identificação do autor do crime, conforme o diretor da Divisão de Homicídios, Gabriel Bicca.
Segundo o delegado, ainda não está esclarecido o que poderia ter motivado a morte:
— A motivação ainda vai ser esclarecida. No local do fato, não se tinha nenhum indicativo que se havia algum tipo de envolvimento (com tráfico de drogas), se foi algum crime patrimonial. Então, essas circunstâncias vão ser esclarecidas a partir da oitiva de algumas testemunhas, que foram identificadas ali no entorno. Em razão da ausência de elementos, não descartamos nenhuma hipótese, nem de crime patrimonial, nem de homicídio. Só se constatou que ele estaria com todos os objetos.
A vítima foi identificada como Edson José Beck da Silva, 39 anos. Ele foi enterrado na tarde desta quarta-feira (1), em Porto Alegre. Segundo o delegado, Silva foi preso neste ano por agredir e ameaçar uma mulher. Além disso, tinha antecedentes por perturbação da tranquilidade e desobediência.
Crime mudou rotina de moradores e lojistas
O crime alterou a rotina de quem passava pelo início da Rua José do Patrocínio, no final da tarde de terça-feira (31). Uma vendedora, que preferiu não se identificar, acompanhou das janelas de sua loja toda a movimentação do homem, da Praça Daltro Filho até a queda sem vida em meio à estação de bicicletas.
— Casualmente, eu estava tomando café aqui no balcão (nos fundos da loja). Ele não conseguia ficar de pé, caiu três vezes. Na praça, no triângulo (uma espécie de rotatória) e numa árvore. Eu achei estranho que ele não pediu socorro.
Outra vendedora atendia a uma cliente quando uma aglomeração de pessoas se formou em frente à loja de bijuterias. Eram pessoas que voltavam do trabalho ou estavam a caminho da feira no Largo Zumbi dos Palmares, a menos de 50 metros. Quem passava por ali tentava entender o que tinha acontecido, entre sacolas coloridas nas mãos e carrinhos carregados de frutas e verduras.
—Achei que ele estivesse tendo um ataque epilético. Depois que vi todo o sangue. Fiquei bastante assustada — relata a vendedora de 33 anos, que pediu para não se identificada, que precisou fechar a loja mais cedo devido ao isolamento da polícia.
Em frente à praça, um porteiro de 55 anos viu o momento que um homem deixou às pressas o local, enquanto a vítima cambaleava pela rua.
— Nunca tinha visto ele por aqui — relata o homem.
Moradores e comerciantes da região relatam que a praça virou ponto de consumo de drogas, inclusive com a formação de uma espécie de acampamento. Segundo uma vendedora, foi ali que Silva foi esfaqueado.
— Pela cena, achei que ele tivesse morrido de overdose, algo assim — conta a vendedora.