Um soldado da Brigada Militar de 28 anos foi afastado das funções após atirar contra uma viatura da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) durante abordagem na avenida Assis Brasil, nas imediações da avenida dos Gaúchos, no bairro Passo D´areia, zona norte de Porto Alegre. O caso ocorreu na madrugada de quarta-feira (1º).
Conforme ocorrência registrada na Polícia Civil, os agentes da EPTC pararam ao perceberem um Voyage, onde o PM estava, estacionado em local proibido, em plena avenida. Ao se aproximarem, encontraram o policial à paisana sentado e com sinais de embriaguez. Ele se negou a fazer o teste do bafômetro e teria feito ameaças aos azuizinhos.
Os agentes da EPTC chamaram a Brigada Militar. Com a chegada dos colegas, o PM teria feito novas ameaças, dizendo que iria atirar.
Temendo pela segurança, os agentes resolveram deixar o local. Ao acelerarem o carro, o PM sacou a arma e efetuou disparos, acertando a parte traseira e a sirene da caminhonete da EPTC. De acordo com a Brigada Militar, não foi possível precisar quantos tiros foram efetuados. Ninguém ficou ferido.
Conforme o 20º Batalhão de Polícia Militar, responsável pela área, depois de atirar, o soldado abandonou o local caminhando, mesmo com a presença dos policiais. Um amigo dele teria buscado o carro.
O comandante do 20º BPM, tenente-coronel Fernando Gralha Nunes, disse que ficou sabendo da ocorrência ainda na madrugada e, segundo ele, outras viaturas foram acionadas para fazer buscas ao soldado para efetuar a prisão em flagrante. No entanto, o PM não foi encontrado.
No dia seguinte, o policial apresentou um atestado médico na Brigada Militar. De acordo com o coronel, o PM foi afastado e um inquérito policial militar foi instaurado para apurar à atuação da equipe que atendeu a ocorrência, já que deveria ter feito a prisão do colega.
– Ele foi afastado das funções e teve a arma recolhida. Abrimos um inquérito policial militar que vai apurar tudo, inclusive a conduta da guarnição. Não houve a prisão dele e em tese há prevaricação. Mesmo ao término da licença médica, o policial não voltará para as ruas. Ao fim do inquérito, ele vai ser submetido ao conselho e poderá ser exonerado – disse o comandante.
Uma câmera da EPTC, usada para controle do trânsito, filmou toda a ação. A Delegacia de Lesões Corporais de Trânsito da Polícia Civil abriu inquérito. As imagens já foram solicitadas à empresa.
– Vamos ouvir todos os envolvidos. Já formalizamos com a EPTC pra que sejam fornecidas as imagens das câmeras da monitoramento – disse o delegado Carlo Butarelli.
O soldado afastado ingressou na Brigada Militar em 2012. A EPTC lamentou o ocorrido e afirmou que prestou o atendimento necessário aos agentes. Ainda segundo a empresa, a viatura foi entregue para passar por perícia.
Foi o segundo ataque contra veículos de fiscalização da empresa em quatro meses. Na madrugada do dia 31 de março, um carro foi atingido nos vidros durante atendimento de uma ocorrência de som alto na Avenida do Forte. Na ocasião, os vidros foram perfurados e foi constatado que tratava-se de tiros de arma de pressão. Ninguém foi preso na ocasião.